Inaugurado ainda em 1942 com vida curta e intensa pelos 40 anos seguintes, o antigo Cine Duarte tem mais uma chance de voltar a abrir as portas para uma sessão de cinema. Depois de vários prazos não cumpridos, e até reformas abandonadas pela metade, o prédio teve o orçamento de reforma enviado para o Ministério do Planejamento, em Brasília, semana passada. Desde os anos 1980, a cidade histórica não conta com uma sala de cinema. No Carmo, o Cine Olinda segue em reforma coordenada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
"Se não houver adiamento, dia 30, próxima terça-feira, é o prazo para que sejam aprovados os orçamentos e possamos publicar as licitações da reforma”, diz a secretária executiva de Patrimônio de Olinda, Cláudia Rodrigues.
Com obras no valor previsto de cerca de R$ 4,7 milhões, o Duarte Coelho faz parte do conjunto de 14 obras previstas para reforma através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas. Apesar dos cortes gigantescos no Orçamento Geral da União anunciados pelo Governo Federal, não há informação de que o programa de recuperação do patrimônio histórico brasileiro sofra também redução.
O projeto prevê a instalação de um cine-teatro de convenções no Duarte Coelho. “Teremos palco, camarim e estrutura para eventos e apresentações teatrais”, diz o secretário de Cultura de Olinda, Lucilo Varejão, diante do calhamaço de documentos sobre a mesa, explicando porque a documentação para o orçamento para o Duarte Coelho ficou para última hora. “Cada item da reforma tem que ser muito bem justificado”, ele diz.
Em 1998, a Prefeitura de Olinda chegou a iniciar uma obra de requalificação no local, mas teve que interrompê-la por falta de recursos. A gestão municipal, então, recebeu R$ 700 mil do Governo Federal para recuperar o imóvel. Três anos depois, uma CPI foi aberta para investigar a ex-prefeita e possíveis desvios de verba. A investigação, tal como as obras, não foi concluída. Os poucos equipamentos então colocados no cinema foram saqueados.
Com a reforma estrutural da parte física concluída há mais de um ano, o Cine Olinda vê se arrastar as obras de finalização. “Estamos ainda finalizando itens como a climatização, urdimento do palco. Equipamentos de projeção e cadeiras serão providenciados pela Prefeitura, através de uma emenda parlamentar”, diz o superintendente do Iphan, Fred Almeida. A entidade é responsável pelas obras de finalização do prédio de art-déco, no Carmo, e já atrasou por duas vezes o repasse de pagamento, o que provocou a suspensão dos serviços. Como estava fora do escritório, ontem, cuidando de problemas pessoais, Almeida não soube precisar o novo prazo para que as obras sejam, finalmente, concluídas.