Começa hoje e segue até sábado a quinta edição do Festival Internacional de Stop Motion do Recife. Ao todo, serão exibidos 61 filmes, a maioria curtas-metragens, de 26 países, divididos entre a Mostra Competitiva, Mostra com Audiodescrição para Deficientes Visuais e Mostra Infantil. A programação também inclui oficinas voltadas para artistas da sétima arte. Os eventos do festival são gratuitos.
Todos os filmes foram realizados utilizando a técnica do stop motion, que consiste em usar sequências de fotografias diferentes de um mesmo objeto para simular o seu movimento. “O processo é lento e detalhado e é comum se levar semanas para gravar apenas alguns segundos”, explica a diretora e idealizadora do evento Ana Farache.
Este ano o festival presta homenagem ao diretor tcheco Jan Balej, que apresenta, hoje, na noite de abertura, às 19h30, no Cinema São Luiz, o seu longa Little From The Fish Shop. Traduzido pela organização do festival, esta será a primeira exibição da película na América Latina.
O filme conta a história de Little, filha do Rei do Mar, que se muda com sua família para o mundo dos humanos. “É baseado na história da Pequena Sereia, mas voltada para adultos. Essa é uma história muito forte e eu queria trazer uma concepção mais contemporânea”, diz Balej, em entrevista ao Jornal do Commercio.
O júri da mostra é composto pela diretora Camila Kauling (vencedora do Stop Motion 2014, com o curta Super Plunf), a professora Amanda Mansur (autora de O Novo Ciclo de Cinema em Pernambuco), além do próprio Balej.
Dos 61 filmes da programação, apenas quatro são brasileiros: Òrun Àiyé – A Criação do Mundo; The Old Lady; Bem-me-quer e O Quebra Cabeça de Tarik. Não há nenhuma produção pernambucana.
“A produção aqui (no Estado) ainda é muito devagar, mas já estão sendo criadas iniciativas. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) já tem uma cadeira específica de stop motion e pessoas estão submetendo seus projetos ao Funcultura. E é isso que faz melhorar a qualidade: receber verbas e fazer trabalhos mais profissionais. A produção está aumentando, mas é um trabalho ainda muito lento”, opina Ana Farache.
Nesse sentido, o festival também oferece oficinas destinadas a diretores e interessados em produzir utilizando a técnica. São elas: Animação em Stop Motion (para iniciantes); Animação de Personagem (para animadores com experiência em stop motion); Oficina Infantil de Stop Motion e Master Class com Jan Balej. “Falarei de meu processo criativo e algumas técnicas de direção e roteiro”, adianta o cineasta.
As oficinas já estão esgotadas, mas ainda é possível se inscrever aula de Jan Balej pelo site www.brasilstopmotion.com.br.
FESTIVAL CELEBRA TCHECO JAN BALEJ
Depois de homenagear o americano Tim Allen, animador de Tim Burton, em 2014, o Festival Internacional Brasil de Stop Motion agora celebra a obra de Jan Balej.
“Comecei a me interessar por stop motion, no final da década de 1990, por misturar diversas linguagens artísticas, como a escultura, modelagem e fotografia”, conta Balej, que constrói os bonecos de seus filmes.
O cineasta é consagrado na Europa, tendo vencido prêmios de destaque da França, Espanha e Portugal. Agora o público recifense terá a chance de conhecê-lo com Little From The Fish Shop, seu segundo longa.
Com clima soturno e sombrio, o filme é uma adaptação de A Pequena Sereia, conto infantil do século 19 escrito pelo dinamrquês Hans Christian Andersen. “Eu queria trazer uma outra abordagem, porque a história original é muito aberta e potente. Eu tentei agora trazer uma perspectiva mais adulta e atual. Não há finais felizes, só vislumbres de esperança”, afirma o diretor.