CINEMA

"Carol": indicadas ao Globo de Ouro vivem história de amor no cinema

Novo filme de Todd Haynes, com Cate Blanchett e Rooney Mara, traz às telas paixão fulminante entre duas mulheres

Mari Frazão
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Mari Frazão
Publicado em 14/01/2016 às 7:57
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Novo filme de Todd Haynes, com Cate Blanchett e Rooney Mara, traz às telas paixão fulminante entre duas mulheres - FOTO: Reprodução/Internet
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Em Banquete do Amor, de Robert Benton, o personagem Harry (Morgan Freeman) aconselha o protagonista Bradley (Greg Kinnear): “Nossas ilusões, nossas expectativas sobre as pessoas podem nos cegar”. Do lado de cá da tela, convivemos diariamente com notícias de homens incapazes de aceitar a separação e mulheres que se tornam vítimas da insegurança masculina. Na Nova Iorque de 1950, a personagem-título de Carol (Cate Blanchett) é uma mulher que, depois de anos vivendo um relacionamento de aparências, enfrenta um processo de divórcio com Harge (Kyle Chandler). No meio do casal está a filha, Rindy, usada como ferramenta de chantagem pelo marido que não admite a perda da esposa. A inconformidade do ex-companheiro transborda em forma de opressão: embora nunca levante a mão para Carol, Harge move um processo jurídico para tomar sua filha, alegando má conduta e imoralidade. 

O motivo de tais acusações é apresentado logo nas primeiras cenas do filme: uma troca de olhares entre a rica e confiante Carol Aird e a vendedora Therese Belivet (Rooney Mara) deixa evidente que o amor não pede permissão, não bate à porta e não cede a pressões ou despotismo. Dirigido por Todd Haynes, a trama acompanha a luta de Carol pela guarda da criança e o impetuoso envolvimento entre as duas. Em cena, cada gesto e troca de olhares entre as protagonistas é extasiante. Antes de qualquer toque, o relacionamento é pacientemente construído em cima do companheirismo. Carol é uma mulher forte e à frente do seu tempo, que dificilmente vacila diante dos obstáculos e absurdos da justiça norte-americana. Cheia de sonhos não realizados, com um emprego entediante em uma loja de brinquedos e um namoro morno com um rapaz, Therese é um barco à deriva, até ancorar no porto intangível que é a presença de Carol. Dali por diante a moça se entrega de corpo e alma: desde o primeiro encontro, o espectador percebe que a personagem de Rooney Mara está disposta a se jogar do precipício sem medo das consequências. Juntas, elas fogem de seus problemas e dos olhares homofóbicos da sociedade em uma viagem pelos Estados Unidos. 

Ambas indicadas ao Globo de Ouro deste ano na categoria Melhor Atriz, no telão Cate e Rooney se completam. O olhar terno de Therese enaltece a beleza de Carol. A química entre as duas transpassa a tela, provocando palpitações. A fotografia de Edward Lachman remonta à atmosfera chique de Nova Iorque durante a Era de Ouro, com uma ambientação retrô, cheia de cores quentes e cenários vistos através das janelas molhadas da Grande Maçã. 

Haynes, que também dirigiu Longe do Paraíso (2002), mantém a linha sofisticada e elegante na trama baseada no livro The Price of Salt, da escritora Patricia Highsmith. Lançada em 1952 sob o pseudônimo de Claire Morgan, a obra é famosa por ter sido o primeiro romance a abordar uma relação amorosa entre mulheres com um final feliz. 

Destaque entre os concorrentes ao Globo de Ouro 2016 com cinco indicações (Melhor Filme de Drama, Melhor Atriz (Cate Blanchett e Rooney Mara), Melhor Diretor (Todd Haynes) e Melhor Trilha Original, Carol não conquistou nenhuma estatueta, mas é um forte candidato à 88ª edição do Oscar na categoria Melhor Filme. O longa estreia hoje nos cinemas do Brasil.

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