Desde que a Marvel estreitou os laços com a Netflix, em uma parceria que rendeu os ótimos Demolidor e Jéssica Jones – ambos com uma história mais crua que os tradicionais filmes-família que a produtora costuma fabricar –, o terreno vem se tornando mais frutífero para o estúdio. Deadpool, o anti-herói boca suja que estreou na última quinta-feira (11) nos cinemas, é a prova de que a Marvel só tem a ganhar se distanciando do bom-mocismo da sua proprietária, a Disney.
Se o Homem de Ferro de Robert Downey Jr. já era prova de que um personagem politicamente incorreto e sarcástico é muito mais atraente para o público do que o típico bom moço estilo Peter Parker, Deadpool confirma o caso. Enquanto o Tony Stark das HQs nunca foi um prodígio de vendas, pelas mãos do diretor americano Jon Favreau o personagem tornou-se um fenômeno. O mercenário falastrão Wade Wilson (Ryan Reynolds), por outro lado, ganhou uma adaptação produzida com maestria, que traz dos quadrinhos o mesmo debochado irônico que já conhecemos.
A editora, inclusive, não tem medo de fazer piada consigo mesma, desde os créditos, que substituem os nomes dos personagens por codinomes jocosos ao som de Angel of the Morning, da cantora pop country Juice Newton, até referências despreocupadas satirizando produções desastrosas da sua arquirrival, a DC Comics – a exemplo do Lanterna Verde, também vivido por Reynolds. A ridicularização dos projetos catastróficos não se limita: Deadpool olha também para dentro de casa e relembra um dos piores filmes da Marvel, X-Men Origens: Wolverine, no qual o anti-herói fez sua primeira aparição.
Na trama do diretor Tim Miller, com produção do próprio Reynolds, Wade é diagnosticado com um câncer terminal e se submete a um “tratamento” capaz de lhe ofertar a imortalidade.
Descomedido nos palavrões e afundado em um mar de violência gratuita, Deadpool fala diretamente ao público, sem rodeios e com a liberdade de expressão inerente a uma mente perturbada.
Veja o trailer:
