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Zoolander, 15 anos depois, a greia com o mundo fashion continua

Dezenas de celebridades emprestam seus nomes reais ao filme de Ben Stiller

Flávia de Gusmão
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Flávia de Gusmão
Publicado em 02/03/2016 às 11:17
Paramount/Divulgação
Dezenas de celebridades emprestam seus nomes reais ao filme de Ben Stiller - FOTO: Paramount/Divulgação
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Não é preciso entender ou gostar de moda para aproveitar a grande greia que continua sendo Zoolander – agora no segundo volume. Mas ajuda bastante. A construção dessa comédia inconsequentemente debochada, sem, no entanto, resvalar para a tosqueira, é fina e grossamente trançada com toda sorte de paradigmas que norteiam a indústria fashion. Num universo especialmente preocupado com a aparência que transferimos para o olhar alheio, a cena de abertura é emblemática.

Num clima sombrio de perseguição que remete a inúmeros exemplares do gênero suspense – a franquia 007 e O Código da Vinci são dois deles que vêm logo à mente – vemos uma figura encapuzada que corre desesperadamente para salvar a própria vida. 

Nos segundos finais da correria, a face oculta se revela: é Justin Bieber – no papel dele próprio – que, numa última tentativa de escapar da morte certa por fuzilamento, bate na porta de Sting, que não abre.

Antes de morrer, porém, Justin Bieber, num supremo esforço, saca seu smartphone e faz biquinho para a última selfie. Na verdade, uma pista importante para o mistério que trará de volta ao frenético mundo das grifes e desfiles os modelos masculinos Derek Zoolander (Ben Stiller) e Hansel McDonald (Owen Wilson).

Para além da metralhadora giratória de piadas visuais e verbais, que saltam ou se ocultam a cada frame, outra delícia que Zoolander 2 proporciona é a quantidade de figurações de luxo que pipocam de onde menos se espera. 

São dezenas de celebridades que emprestam seus nomes reais, dando a impressão de que todos se divertiram muito no processo de tiração de onda proposto por Ben Stiller, o nome por trás da marca. 

Sting, Kate Perry, Neil deGrasse Tyson (astrofísico midiático), o corredor inglês de Fórmula 1 Lewis Hamilton, Ariana Grande, Susan Sarandon, Kiefer Sutherland, Billy Zane, Joe Jonas (Jonas Brothers), Skrillex (DJ e produtor musical), Susan Boyle, John Malkovich, MC Hammer, a jornalista Christiane Amanpour. 

E, do cenário profissional da moda: os estilistas Tommy Hillfiger, Valentino, Marc Jacobs, Alexandre e Vera Wang. E mais a editora da Vogue Anna Wintour e as modelos Naomi Campbell e Jourdan Dunn.

Se a familiaridade com o tema é prescindível para a degustação máxima das blagues, o mesmo não pode ser dito dos links feitos entre o filme de estreia e esta sequência. Embora alguns flashbacks tentem situar o espectador novato, um conhecimento prévio ajuda bastante entender a história e seus desdobramentos. Não que isso altere a essência ensandecidamente “tô nem aí” de Zoolander, mas ajudaria a captar melhor, e rir melhor se assim tivesse sido.

Se considerarmos que 15 anos se passaram entre uma realização e outra, entendemos porque esse hiato fica ainda mais pronunciado. Talvez isso explique também porque Ben Stiller não abriu mão dos muitos bordões usados pela primeira vez, repetindo-os em várias cenas. O que pode ser um tiro pela culatra: para quem assistiu fica cansativo, para quem ainda não havia visto eles perdem o “punch” do contexto primeiro.

A trama é retomada de onde foi deixada. Vemos, então, o que aconteceu aos nossos heróis depois que o estilista e vilão Jacobim Mugato (Will Ferrell) foi, finalmente, descoberto em sua maldade e preso por conta de uma tentativa de assassinato durante um desfile de moda.

O futuro, ficamos sabendo nesta sequência, não foi tão gentil assim com a dupla de top models: Derek fica viúvo e separado do filho que teve com Matilda; Hansel sofreu um acidente que lhe “desfigurou” o rosto, interrompendo sua bem-sucedida carreira. Zoolander 2 volta a reuni-los em torno de uma trama semelhante, mas com algumas variações tão saborosas quanto hilariantes.

A prisão de alta moda, por exemplo, para onde são recolhidos os infratores deste segmento, é um achado. Os guardas são lindíssimos modelos masculinos (e que justamente por isso nem notam a mais obtusas das fugas – sim, preconceito aqui é boia) e encarcerados estão os criadores das ombreiras, da calça saruel e outros famigerados achados fashion. Coisinhas assim fazem rir, às vezes gargalhar.

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