CRÍTICA

Inventor de Serra Talhada é objeto do documentário O Gigantesco Ímã

Premiado documentário pernambucano estreia nesta quinta-feira (10/3), no Cinema São Luiz

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 10/03/2016 às 5:01
Álvaro Severo/Divulgação
Premiado documentário pernambucano estreia nesta quinta-feira (10/3), no Cinema São Luiz - FOTO: Álvaro Severo/Divulgação
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Você já deve ter visto ou conhecido personagens incríveis – na chamada vida real, no cinema ou na TV, mas acredite: há sempre alguém acima da curva para lhe surpreender. Embora não seja nenhum desconhecido – ele já foi parar até no Programa do Jô, como um daqueles convidados exóticos que brotam dos cafundós do Brasil –, o inventor e ex-relojoeiro Evangelista Ignácio de Oliveira parece de outro planeta, tamanha é a sua incessante atividade mental.

Evangelista, atualmente com 87 anos, é o personagem do longa-metragem O Gigantesco Ímã, dirigido pela dupla Petrônio e Tiago Scorza. Primeiro filme distribuído pela Inquieta, o documentário estreia nesta quinta-feira (10/3) no Cinema São Luiz e outras cidades, entre elas o Rio de Janeiro, Cachoeira, na Bahia, e Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú. Na próxima semana, passa em São Paulo, Curitiba e Serra Talhada, no Sertão pernambucano, terra natal de Evangelista e do diretor Petrônio.

O Gigantesco Ímã chega ancorado por algumas premiações em festivais, no ano passado: no Cine PE, ganhou o Calunga de Melhor Trilha Sonora (Petrônio e as Criaturas) e uma menção honrosa do Prêmio da Crítica – Abraccine; no Festival de Triunfo, repetiu o prêmio de Melhor Trilha Sonora e abocanhou o de Melhor Filme.

Espécie de herói da Petrônio, que o conhece desde os 12 anos, Evangelista já há havia sido tema do curta O Som da Luz do Trovão, também dirigido por ele e Tiago Scorza. Dez anos depois, eles acompanharam o dia a dia de Evangelista com mais cuidado e vão mais fundo em sua historia, revelando as inúmeras facetas desse homem que poderia ter nascido no Renascimento, devido a seus diversos interesses que misturam técnica, ciência e arte.

Em alguns momentos, Evangelista se assume como uma mistura do inventor Nikola Tesla com o agente Angus McGiver, da série da TV, ao criar coisas mirabolantes com o que tem à mão, seja um rádio acionado por um celular, um ultraleve ou uma máquina que filma e passa películas. Nem sempre as invenções ganham uma vida longa, mas ele é incansável, como na compilação que fez de 4,5 mil expressões idiomáticas da língua inglesa, cujo formato lembra um pergaminho enrolado.

Para dar conta de um personagem de tal envergadura e tão fora de órbita, Petrônio e Tiago se esforçam para sair do registro naturalista e experimentam na linguagem, a partir de uma montagem que privilegia vários formatos de captação de imagem, o que tem tudo a ver com a múltipla personalidade de Evangelista. Além de instrutivo, o documentário, surpreendentemente divertido.

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