CRÍTICA

Kubo e as Cordas Mágicas traz a beleza da animação stop motion

Filme conta história complexa de menino que sai à procura da verdade sobre o pai

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 12/10/2016 às 15:30
Laika Entertainment/Divulgação
Filme conta história complexa de menino que sai à procura da verdade sobre o pai - FOTO: Laika Entertainment/Divulgação
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Filme com crianças ou filme para crianças? O público adulto costuma se identificar com a primeira opção, embora os filmes quase sempre juntem as duas opções – o que faz com que adultos e crianças sejam convidados a sempre irem juntos para o cinema, para a felicidade geral dos cineastas e donos de salas. Com sessões a partir desta quarta-feira (12/10), a animação americana Kubo e as Cordas Mágicas é uma excelente opção de diversão para o público infantil e – talvez mais até – o adulto.

Kubo e as Cordas Mágicas é a mais nova produção do estúdio Laika, uma espécie de Pixar dedicada apenas à animação stop motion – aquela que é filmada quadro a quadro, com bonecos e objetos –, que já nos deu filmes incríveis como Coraline e o Mundo Secreto, ParaNorman e Os Boxtrolls. A novidade é que, pela primeira vez, o criador e dono do estúdio Terry Knight resolveu ele mesmo dirigir um filme.

JAPÃO FEUDAL

Isso significa dizer que Terry Knight não somou esforços – de produção e artísticos – para fazer do seu primeiro longa-metragem em stop motion uma obra digna de admiração e afeto. Grande conhecedor do cinema japonês, ele se inspirou na tradição artística do Japão Feudal para chegar à história e a ambientação de Kubo e as Cordas Mágicas. As pranchas xilográficas de mestres como Katsushika Hokusai e Kiyoshi Saito estão presentes na estética da animação, como também são fortes os resquícios do mangá Lobo Solitário, de Kazuo Koike e Goseki Kojima, além de influências nítidas de Akira Kurosawa e Hayao Miyazaki.

A história roteirizada por Marc Haimes e Chris Butler (o diretor de ParaNorman) se passa num Japão feudal fantástico. O jovem Kubo, que parece o bebê de Lobo Solitário já crescido, tem sua tranquila vida de contador de história de aldeia transformada de ponta-cabeça ao provocar um acidente em que um espírito do passado obriga-o a enfrentar deuses e monstros. Kubo é levado ao encontro de uma máscara mágica que pertenceu ao pai, um lendário guerreiro samurai que não conviveu com ele.

ORFANDADE

A partir desse ponto, ele empreende uma grande aventura em busca da verdade, na companhia de uma macaca determinada e de um inseto samurai destemido. O que se vê no desenvolvimento do filme é uma surpreendente fabulação sobre o passado, o sentimento de orfandade e a solidão infantil. Embora tocado pela tristeza que cerca o difícil aprendizado de Kubo, Terry Knight não fez um filme para arrancar lágrimas dos espectadores. Ao contrário, Kubo e as Cordas Mágicas é até um filme difícil, mas estimulante.

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