SÉTIMA ARTE

Com Ben Aflleck, O Contador tem formato clássico de ação

O filme de Gavin O'Connor traz um protagonista extremamente bem treinado e dúbio

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 20/10/2016 às 6:04
Warner/Divulgação
O filme de Gavin O'Connor traz um protagonista extremamente bem treinado e dúbio - FOTO: Warner/Divulgação
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Os filmes de ação são fascinados por um tipo de personagem: a pessoa altamente treinada, que mescla inteligência com habilidades de combate e consegue ver além dos sentimentos banais dos humanos (sem deixar de se compadecer com eles). Inventar o passado (e trazer nuances para o presente) desse personagem parece ser o principal desafio de uma trama como essa: ele pode ser um ex-militar ou agente, alguém que aprendeu com um mestre escondido, um jovem pobre traumatizado.

O Contador, que chega aos cinemas pernambucanos hoje, se usa desses e outros clichês com alguma habilidade. O filme traz Ben Affleck vivendo um personagem como esses: um misterioso homem engravatado, chamado Christian Wolff, que aparece em fotos em reuniões com diferentes criminosos internacionais. A sete meses de se aposentar, o diretor de crimes financeiros do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, Raymond King (J.K. Simmons), chantageia a sua gente, Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson), para que ela descubra a identidade do homem.

A trama segue por vários caminhos a partir daí. Um deles é a busca dos agentes por descobrir quem é Christian, alguém que troca de identidades do tempo todo e ajuda a lavar o dinheiro ilegal. Enquanto isso, Christian, que mantém um pequeno negócio como fachada, aceita um novo trabalho, que parece bem menos perigoso que os anteriores, como contador consultor na empresa de biotecnologia Living Robotics, enviado pela voz misteriosa que o contrata – lá conhece a também contadora Dana Cummings (Anna Kendrick). Ao mesmo tempo, entra em cena um homem que ameaça e intimida grandes empresários para proteger ações de seus chefes.

Parece uma junção complexa, mas se tem algo que o filme de Gavin O'Connor faz bem é torná-la compreensível e relativamente intensa. Christian, os flashbacks mostram, foi diagnosticado com um tipo de autismo na sua infância – ele é genial em atividades matemáticas, mas incapaz de lidar com inúmeras coisas do cotidiano. Seu pai, um militar, se recusa a deixá-lo numa instituição especializada: seu método para lidar com a limitações do filho, ele diz, é fazer o jovem Christian enfrentá-las intensamente, não importa o sofrimento. 

SEQUÊNCIA

Como se pode notar, boa parte do roteiro de O Contador, na verdade, obedece ao signo do que é conveniente, do que rende uma boa história, seja plausível ou não. Parte thriller do mercado financeiro, parte narrativa de ação de um homem só contra o mundo, a obra é um daqueles famosos filmes de entretenimento sem muita profundidade – o típico filme que preenche bem as grades de canais de TV paga. O filme deixa possibilidades e lacunas explícitas para continuações, e, com a boa bilheteria na estreia nos Estados Unidos, elas devem acontecer. Talvez por trás do das poucas expressões do personagem de Ben Affleck esteja escondido o novo queridinho do gênero.

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