A delegação de cineastas do Brasil que está presente no Festival de Berlim deste ano escreveu um manifesto com críticas ao governo Temer e reivindicando a manutenção das políticas públicas de incentivo ao audiovisual no País.
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"Em quase um ano sob esse governo, direitos de educação, saúde, trabalhista foram duramente atingidos. Junto com outros setores, o audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre risco de acabar", diz o manifesto.
Os diretores apontam que o audiovisual brasileiro avançou nos últimos anos, conquistando presença nos maiores festivais internacionais - só nesta Berlinale, são 12 filmes brasileiros, um número recorde. "Pedimos às instituições, produtores e realizadores de todo o mundo que apoiem a luta e a manutenção de todos os tipos de audiovisual no Brasil. Defendemos aqui a continuidade e o incremento dessa política pública", conclui o texto.
A manifestação ocorreu na Embaixada do Brasil na Alemanha durante a recepção dos artistas, na noite desta terça-feira (14). A carta aberta foi lida pelos diretores presentes: Daniela Thomas, Laís Bodanzky, Julia Murat, Cristiane Oliveira e Felipe Bragança.
LEIA O MANIFESTO NA ÍNTEGRA:
"Estamos vivendo uma grave crise democrática no Brasil. Em quase um ano sob esse governo, direitos de educação, saúde, trabalhista foram duramente atingidos. Junto com outros setores, o audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre risco de acabar.
Nos últimos anos, a Ancine tem direcionado suas diretrizes, observando com atenção os muitos "Brasis". Ampliou o alcance dos organismos de fomento, que hoje atinge segmentos e formatos dos mais diversos, entre eles o cinema autoral, aqui representado.
O resultado é visível. O ano de 2017 começou com a expressiva presença de filmes brasileiros nos três dos principais festivais internacionais, totalizando 27 participações em Sundance, Rotterdam e aqui em Berlim. Não chegamos a esse patamar histórico sem política pública.
Tudo que se alcançou até aqui é fruto de um grande esforço de agentes envolvidos, entre Ancine, produtores, realizadores, distribuidores, exibidores, programadores, artistas, lideranças, poder público, entre outros. Acima de tudo, queremos garantir que toda e qualquer mudança ou aperfeiçoamento nas políticas públicas do audiovisual brasileiro sejam amplamente discutidas com o conjunto do setor e com toda sociedade.
Assim, pedimos às instituições, produtores e realizadores de todo o mundo que apoiem a luta e a manutenção de todos os tipos de audiovisual no Brasil. Defendemos aqui a continuidade e o incremento dessa política pública."