Polêmica

Cine PE é adiado

Direção do festival suspendeu a realização após boicote de cineastas

JC Online
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Publicado em 12/05/2017 às 4:49
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Direção do festival suspendeu a realização após boicote de cineastas - FOTO: Foto: Daniela Nader/JC Imagem
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Depois que sete cineastas retiraram seus filmes da competição por discordarem da linha curatorial da seleção do evento, o 21º Cine PE – Festival do Audiovisual foi suspenso. Ontem, Sandra Bertini, diretora do evento, publicou uma nota oficial explicando as razões da suspensão. “Ao longo de 20 anos de realizações, que tornaram o Festival uma das referências nacionais do setor, todas suas programações, indistintamente, foram pautadas pelo respeito aos valores básicos da liberdade, quais sejam o direito de expressão, o respeito à pluralidade e o combate ao instrumento da censura”, diz a nota, no primeiro dos seis tópicos.

Sandra alegou não ter tempo hábil para recompor a programação. “Essa situação implica na substituição dos títulos por outros que também fizeram suas inscrições de modo espontâneo, que estejam em ordem classificatória da Curadoria e que ainda se revelem dispostos a entenderem os valores que são a essência de quem faz arte e cultura”, diz no quarto tópico da nota.
Os diretores que boicotaram o festival alegam que houve um direcionamento político da programação para filmes “de direita”. Sandra Bertini rechaçou as acusações. “Jamais houve quaisquer formas de politização das programações, pois numa simples pesquisa sobre as edições passadas, facilmente será revelado que o Festival sempre se pautou em mostrar tendências, linguagens, estéticas e ideologias, da forma mais coerente possível, por entender e evidenciar que o conceito da diversidade dever ser de todos e para todos”, afirma no segundo tópico da nota.

Sandra Bertini enalteceu ainda o “papel da Curadoria, a quem foi confiada a árdua missão do processo seletivo dos filmes, justo por ela reconhecer a importância da pluraridade, desde a criação à difusão, enquanto princípio basilar a ser perseguido, irrevogável e indistintamente, quaisquer que sejam os produtores artístico-culturais”, como explicita no sexto tópico da nota oficial,
Por prudência, diz a diretora, a realização foi postergada e um novo prazo dado a curadoria possa refazer a programação. “Nova data será divulgada oportunamente”, assegura.

GLAMOUR

Não é a primeira vez que cineastas pernambucanos entram em rota de colisão contra o Cine PE. Em 2011, um grupo de realizadores ligados a entidades como a Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas Secção Pernambuco e a Associação Pernambucana de Cineastas ocupou a solenidade de premiação do festival com um protesto. Sob o slogan “Menos glamour, mais cinema”, eles alegavam discriminação com os filmes pernambucanos, exibidos em ‘mostras secundárias e com problemas de projeção”.

Em paralelo, o cineasta Jura Capela realizava o festival Sapo Cururu, um evento com a intenção de reunir cineastas em discordância com o festival. O Cine PE, contudo, já foi palco de manifestos nacionais da classe. Anos antes, atores e diretores negros lançaram no festival pernambucano um manifesto nacional para a ampliação da diversidade racial nas telas do País.

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