Cinema

Crítica: 'Z: A Cidade Perdida', de James Gray

'Z: A Cidade Perdida' conta a história do explorador britânico Percy Fawcett, que viaja para a Amazônia no século XX e descobre uma nova civilização

JEFFERSON SOUSA
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JEFFERSON SOUSA
Publicado em 31/05/2017 às 5:00
Foto: Imagem Filmes/ Divulgação
'Z: A Cidade Perdida' conta a história do explorador britânico Percy Fawcett, que viaja para a Amazônia no século XX e descobre uma nova civilização - FOTO: Foto: Imagem Filmes/ Divulgação
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Até antes de fazer Era uma Vez em Nova York (2013), James Gray era um diretor discreto, que trabalhava com histórias pequenas e intimistas. Em Z: A Cidade Perdida, que estreia amanhã (01/06), em circuito nacional, ele reafirma a sua nova característica enquanto cineasta: um produtor de megalomanias.

O filme

A adaptação que deu forma ao roteiro foi retirada do livro que reúne as anotações reais do soldado britânico e espião Percy Fawcett (Charlie Hunnam) – protagonista da trama –, onde detalha como deixou a sociedade pós-vitoriana no começo do século 1920, ao lado de Henry Costin (Robert Pattinson) e do filho Jack Fawcett (Tom Holland), para explorar a Amazônia, ficando obcecado com a ideia de que uma avançada civilização chamada Z existia nas profundezas da floresta.

Esteticamente, é uma quase obra-prima. Melhor ainda de como fez no seu filme de 2013, onde havia uma herança do visual da década de 1920, Gray deu um certeiro longo espaço para a fotografia ostensiva de Darius Khondji trabalhar. O longa, que tem paisagens como locação na maioria das tomadas, foi um prato cheio para o fotógrafo e, por conseguinte, será um deleite para os fãs das modernidades visuais do cinema.

Uma dificuldade clara da realização está exposta na sua própria duração. O filme tem 2h21, mas poderia ter apresentado tudo em bem menos tempo: há um arrodeio narrativo que acaba criando um percurso monótono e, consequentemente, abruptas mudanças no desenvolvimento da linha temporal da história, fazendo com que, às vezes, o desempenho dos personagens e da “história real” aparentem sequelas por culpa da maneira de como tudo está sendo contado.

As idas e vindas, com viagens e guerras excessivas, são as responsáveis por levar o espectador ao tédio. As cenas de batalhas são tão bem realizadas quanto a do elogiadíssimo Até o Último Homem (2017), de Mel Gibson, mas, neste caso, estão apenas para tapar buracos e criar expectativas em torno de que poderá acontecer algo grandioso no filme, porém, infelizmente, de um certo ponto para frente, só faz enfraquecer a obra. Vale ressaltar que o ambiente do conflito – Primeira Guerra Mundial – é inexistente no livro e foi acrescentado apenas para situar a Europa e a Amazônia, acentuando a desnecessidade de tanto investimento periódico para estes núcleos.

O que estava sendo anunciado como um Indiana Jones da vida real, em trailers e sinopses, não é nada a mais do que uma produção com pontuais efeitos especiais, com captações e tratamentos de imagens prodigiosos, em um trama que perde a oportunidade de se destacar por causa da má administração de uma boa história, mas que não naufraga de todo por contar com um excelente elenco e ter uma sucinta fuga dos clichês sobre a cultura de povos indígenas.

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