Cinema

Crítica: 'As Aventuras de Ozzy", de Alberto Rodríguez e Nacho la Casa

Ozzy é um bondoso cão que precisa fugir dos perigos e encontrar forças nos seus novos amigos para conseguir voltar para casa

JEFFERSON SOUSA
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JEFFERSON SOUSA
Publicado em 01/06/2017 às 16:30
Playarte/ Divulgação
Ozzy é um bondoso cão que precisa fugir dos perigos e encontrar forças nos seus novos amigos para conseguir voltar para casa - FOTO: Playarte/ Divulgação
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As grandes bilheterias do cinema de animação, feitas por gigantes do ramo como a Pixar e a Illumination Entertainment, acostumaram o olhar do público em geral com uma estética unidirecional de digitalizações e tratamentos exclusivos de imagem, fazendo com que haja muito mais cobranças de produções alternativas para que elas sejam consideradas “boas”. A Fuga das Galinhas (2000) e, mais recentemente, Kubo (2016), ambas indicadas ao Oscar de Melhor Animação em seus respectivos anos, construíram uma boa reputação sem precisar seguir esses traços, mas, infelizmente, As Aventuras de Ozzy, que estreia em circuito nacional hoje, não tem potencial para ser lembrado.

Ozzy

A animação espanhola, dos estreantes Alberto Rodríguez e Nacho la Casa, foi feita em softwares ultrapassados e que não foram exatamente construidos para este tipo de serviço. Os gráficos aparentam uma perspectiva do Unreal Engine (UDK), uma popular plataforma de criação 3D para jogos onlines (MMORPG), causando uma série de desconfortos visuais em absolutamente todas as cenas onde os movimentos de posição de personagens e ambientes aceleram a velocidade das figuras.

A trama é simples e relativamente cativante. O protagonista é Ozzy, um bondoso cão da raça beagle que mora com uma boa família. Ele é deixado em um spa para cachorros quando seus donos vão embarcar em uma longa viagem onde não é permitido cães. Porém, esse ambiente, que era para ser agradável, é apenas um disfarce construído por um vilão que deseja sequestrar cachorros. Em seguida, já preso, Ozzy precisa fugir dos perigos e encontrar força nos seus novos amigos para conseguir voltar a salvo para casa.

As quebras de cena e os diálogos são divertidos até certo ponto, mas o quesito ímpar de qualidade está no fato de que os personagens coadjuvantes são exponencialmente carismáticos. Em contrapartida, o filme não deixa de se passar dentro de um presídio, de abordar violência e repressão dentro de um ambiente que não é suavizado em momento algum, se tornando algo hostil para uma criança muito nova.

Assim, se observado pelo quesito de perfis de personagens e construção de três atos recreativamente bem formulados, o filme funciona para até, no máximo, crianças de 10 anos, torcendo para que as cenas com temas mais densos não interfiram em suas fruições e acreditando positivamente que elas se contentarão apenas com um desenho animado de longa duração, que não tem muito a dizer, nem provoca comoção, todavia diverte.

Há uma frágil linha tênue entre fazer cinema de animação para toda a família e algo exclusivamente infantil – principalmente quando cada recorte de idade tem relevância nos lucros finais. Dependendo da decisão de “qual linha seguir?”, a trama pode ser um desastre ou um bênção. O filme, que parte de uma premissa ingênua e infantiloide, tropeçando rapidamente em sua própria vereda, provavelmente vai sentir esse choque por conta da data que está sendo distribuído: 2017, até agora, tem sido de poucas animações nas telonas, trazendo mais responsabilidade para uma obra que chega ocupando diversas salas com seu conteúdo insípido.

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