CRÍTICA

Com Tom Cruise, 'A Múmia' faz remake protocolar

Filme é aposta da Universal no início de um universo baseado em personagens do terror e do fantástico

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 08/06/2017 às 19:34
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Filme é aposta da Universal no início de um universo baseado em personagens do terror e do fantástico - FOTO: Divulgação
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A Universal Pictures tem visto, nos últimos anos, estúdios concorrentes desenvolveram, com menos ou mais sucesso, universos cinematográficos complexos. É algo importante: interligar diversos filmes é uma forma de tentar garantir pelo menos um público fiel, que vai transitar por todas as obras para ter a experiência completa da narrativa. O projeto do Universo Sombrio, lançado agora com o filme A Múmia, é a esperança de criar, a partir de títulos consagrados do terror e do fantástico, como Drácula, Frankenstein e O Homem Invisível, uma nova constelação de filmes.

Dar início a um universo que precisa ser formado – porque, diferentemente da Marvel e da DC Comics, os personagens se fazem menos presentes no imaginário jovem – nunca é simples. A Múmia, dirigido por Alex Kurtzman e estrelado por Tom Cruise, encarna essa responsabilidade.

A franquia anterior, encabeçada por um canastrão Brendan Fraser, fazia o papel possível para um trama de aventura e terror com uma temática como a de A Múmia – era consciente da própria fragilidade e tinha algum auto-humor. Fazer isso com Tom Cruise, que termina interpretando o soldado e traficante de relíquias Nick – uma tentativa descarada de forjar um novo Indiana Jones – como um personagem de qualquer um dos seus filmes ação, não é fácil.

AHMANET

Na trama, Nick termina encontrando na Mesopotâmia, junto com o colega Vail (Jake Johnson, com muito mais capacidade cômica que Tom Cruise) e a pesquisadora Jenny Halsey (Annabelle Wallis), a tumba de Ahmanet (Sofia Boutella), a filha de um faraó egípcio. Didaticamente, com o Egito Antigo imaginado como manda a cartilha hollywoodiana, o filme conta que ela seria herdeira do trono, mas perdeu o posto com o nascimento de um irmão. Resolveu fazer um pacto com o deus Set, mas foi interrompida antes de conseguir invocá-lo. Sua tumba, assim, é uma prisão que evita que ela seja libertada.

Claro que ela termina solta e se torna um perigo para toda a humanidade. A Múmia, assim, é conduzido através de clichês usuais do gênero. Nick, que deveria ser um herói mais carismático e imperfeito, é só mais um mocinho com dilemas morais rasos. Aliás, seu personagem segue tanto uma cartilha antiga que termina salvando sucessivas vezes Jenny, que em cenas de ação termina no papel de moça indefesa.

Há muito pouco no filme além de algumas cenas aventurescas, a tentativa de armar alguns sustos e um emaranhado de “mitologias” que une o Egito Antigo com as Cruzadas da Idade Média. O longo, no fim, não é mais do que um remake protocolar (e que ninguém exigia) produzido por Hollywood.

O mais interessante da trama é a aparição do personagem do doutor Henry Jekyll (Russell Crowe), nome familiar para quem conhece O Médico e o Monstro, talvez a figura mais relevante dessa história toda. Não porque sua participação é muito bem construída ou algo assim, mas porque é ali que o filme sugere que há um universo que o engloba e deve ter continuidade. O Universo Sombrio infelizmente nasce com uma obra rasa, mas almeja tirar da cartola um clima dos quadrinhos da Liga Extraordinária que o sustente no futuro. Por enquanto, A Múmia é muito pouco para isso.

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