CINEMA

Filme A Terra Vermelha denuncia multinacionais e abuso de agrotóxicos

Longa-metragem estreia nesta quinta-feira (13/7) no Cinema do Museu, em Casa Forte

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 12/07/2017 às 5:35
Imovision/Divulgação
Longa-metragem estreia nesta quinta-feira (13/7) no Cinema do Museu, em Casa Forte - FOTO: Imovision/Divulgação
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Embora não sejam mais novidades – e há muitos críticos que os condenam –, os filmes-denúncia sempre foram necessários. Eles não surgem em tempos de tranquilidade, obviamente, mas são essenciais quando a injustiça bate à porta dos grupos humanos mais sofridos e necessitados. Entre as décadas 1960 e 1980, os filmes-denúncia pipocavam na América Latina, na Ásia e na África. Com o mundo regredindo em ritmo galopante, eles estão de volta.

A Terra Vermelha, que estreia nesta quinta-feira (13/7) no Cinema da Fundação/Museu, em Casa Forte, é um bom exemplo de filme-denúncia ao atacar os responsáveis por um dos crimes que a cada dia se torna mais hediondo: o ataque contra o meio ambiente. Para começo de conversa, o cineasta argentino Diego Martínez Vignatti, radicado na Bélgica, luta o bom combate: numa relação entre Golias e David, ele confronta o poder das multinacionais e a revolta de um grupo de trabalhadores da terra.

No meio dessa guerra, o capataz de uma empresa multinacional de extração de madeira, na província de Misiones (na fronteira entre Argentina e Brasil), muda de lugar ao testemunhar o sofrimento das vítimas de agrotóxicos e a luta da mulher por quem se apaixonou, que tenta salvar o seu povo.

FAROESTE

À frente de uma madeireira que derruba árvores e planta eucaliptos, o belga Pierre (Geert Van Rampelberg, de Alabama Monroe) se esconde por trás de seu papel de europeu colonizador. Como bom patrão, mantém um nível de amizade com os empregados (treina um time rúgbi no meio da selva) e uma relação às escondidas com a professora Ana (Eugenia Ramírez), que cuida de praticamente de todas as crianças e mulheres da comunidade.

Salvaguardados pelo Estado e pela polícia, as empresas maltratam a terra profundamente. Vítimas de câncer e das mais estranhas doenças – muitas crianças nascem deformadas e doentes –, a população vive encurralada. Afinal, qualquer movimento de luta é rechaçado com selvageria, a bala e gás lacrimogêneo. Parceiro do mexicano Carlos Reygadas, em Japão e Batalha no Céu, Diego Martínez Vignatti não parece em nada preocupado com estilizações.

Com num velho filme de faroeste, o cineasta investe no corpo a corpo dos personagens e em suas necessidades primárias. A transformação de Pierre não parece uma invenção de roteiro, mas o resultado de uma conversão. A Terra Vermelha tem muita autenticidade. As filmagens na selva dão credibilidade a uma história contada com emoção e indignação. Apesar dos modestos recursos de produção, o filme se supera em humanidade.

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