Cinema

5º Recifest descentraliza ações e investe em oficinas

Com exibições em bairros do Recife e Caruaru, evento vai além do Cinema São Luiz

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 13/11/2017 às 14:02
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Com exibições em bairros do Recife e Caruaru, evento vai além do Cinema São Luiz - FOTO: Divulgação
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Criado no Recife há cinco anos, o Recifest – Festival de Cinema de Diversidade Sexual desempenha a importante função de escoar produções cuja temática sofre forte invisibilidade. Com a intenção de expandir o alcance do assunto, sensibilizando novas plateias, o evento inicia, a partir de segunda-feira (13), ações descentralizadas em comunidades do Recife, além de, pela primeira vez, chegar a Caruaru.

A invisibilidade social que cerca a comunidade LGBT (principalmente as minorias dentro dos próprio movimento, como as pessoas transgêneras, negros e pobres) é reflexo direto do preconceito que ainda impera no Brasil – o país é a nação que mais mata LGBTs no mundo. Diante desse cenário, Rosinha Assis, diretora do festival, aposta a necessidade urgente de ampliar o diálogo a respeito do tema.

“O cinema tem que ir aonde o povo está. Temos uma parcela enorme da população que não tem acesso aos produtos culturais. Quando a gente leva esses filmes para comunidade como Chão de Estrelas e Alto Santa Terezinha, como vamos fazer, a gente apresenta também o festival e convida as pessoas para participarem das atividades, estimulando que elas estejam nas sessões no Cinema São Luiz, sede do evento”, explica.

Enquanto a programação no Cinema São Luiz começa apenas dia 21, as ações nos bairros têm início nesta quinta-feira, às 15h, no Gestos-HIV – Comunicação e Gênero (Rua dos Médices, 68, Boa Vista).

Na sexta, às 13h, o evento segue para a Colônia Penal Feminina Bom Pastor (em parceria com o Cineclube Alumia), e, às 15h, no Compaz do Alto Santa Terezinha. A última etapa da ação ocorre sábado, às 17h, no Centro Cultural Daruê Malungo, em Chão de Estrelas.

Em todos esses espaços, serão exibidos os filmes vencedores das edições 2015 e 2016 do Recifest. São eles: Nena Cajuína (Melhor curta pernambucano), Antes da Encanteria (Melhor curta nacional); Virgindade, de Chico Lacerda (Mostra Competitiva Pernambucana), e Aceito, de Felipe Cabral (Mostra Competitiva Nacional). Após as projeções, haverá rodas de diálogos para debater as obras.

“Para nós, é essencial estimular essas reflexões sobre a questão da diversidade sexual e de gênero. O festival tem esse caráter de promover a visibilidade, o que é urgente, ainda mais em um momento de tanto retrocesso que o Brasil vive”, reflete Rosinha.

Outra ação inédita do festival é a grade de programação em Caruaru, que ocorre de 27 a 30 deste mês. Segundo Rosinha, que é natural da capital do Agreste, a ideia é que o Recifest possa ocupar cada vez mais espaços ao redor do Estado, aproximando a temática de novos públicos.

Outra novidade deste ano é o fim da divisão das mostras competitivas local e nacional. De acordo com a produção, o objetivo foi desengessar as exibições e, portanto, os filmes passam a ser projetados não por questões geográficas e sim por afinidades temáticas.

FORMAÇÃO

Outro ponto importante do Recifest é a promoção de atividades formativas. Amanhã e domingo, as mulheres e os homens trans que cumprem pena na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor, na Zona Oeste do Recife, também participam do 5º Recifest através de uma oficina ministrada pela atriz Isabel Fernanda de Freitas. Denominada Estética da Afetividade, que busca desenvolver o potencial pessoal e social dos participantes através dos elementos do Teatro do Oprimido de Augusto Boal.

Este ano, o evento também repete o curso de drag queen, ministrado pelo autor e produtor cultural Zecarlos Gomes.
“Ano passado, abrimos as 15 vagas e recebemos 230 inscrições. Ficamos impressionados com a demanda, o que deixou ainda mais clara a necessidade de investir nas oficinas e cursos”, explica Rosinha. Além do Recife (dos dias 22 a 24), Caruaru também receberá as aulas (entre os dias 27 e 29).

ABERTURA

A noite de abertura no Cinema São Luiz, dia 21 deste mês, a partir das 19h, contará com homenagem à cantora trans Elza Show. A artista romântica fará performance na ocasião, que contará ainda com a exibição de um documentário sobre sua vida, dirigido por Alexandre Figueirôa e Paulo Feitosa. O longa que encerra a noite é Meu Corpo é Político, de Alice Riff, seguido de debate com uma das personagens da obra, Giu Nonato. A entrada é gratuita, com ingressos distribuídos uma hora antes.

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