Com uma programação de seis filmes, quase todos de diretores estreantes no formato longa-metragem, nenhum deles capaz de provocar comoções ou ansiedades de véspera, e mais 24 curtas, o Cine PE tem sua 22ª edição confirmada. Entre 29 de maio e 4 de junho, acontece no histórico Cinema São Luiz, onde surgiu e para onde voltou depois de um período no Teatro Guararapes.
Se não tem o trunfo de uma grande estreia nacional, nem de um novo longa pernambucano, o festival, contudo, tem este ano uma ampliação de braços. Pretende atuar diretamente na articulação do mercado de conteúdo audiovisual.
Inspirado no Rio 2C, o maior evento do mercado de conteúdos criativos do País, que acontece a cada ano no Rio de Janeiro, o festival vai criar no segundo semestre o Cine PE Mercado. “Pernambuco é referência nacional de produção de audiovisual, mas os grandes compradores ainda não conhecem os produtores locais de perto”, diz Sandra Bertini, diretora do festival, que aposta na credibilidade de mais de duas décadas de atuação do festival para a atração de grandes distribuidores e exibidores de conteúdo.
“Será mais um grande encontro de players do mercado audiovisual, para compra e venda de conteúdos audiovisuais (produtores, distribuidores e exibidores de cinema, televisão aberta, televisão por assinatura, streaming, internet e games). Todo um esforço de produção do evento será feito para dar, sobretudo, espaços para os players regionais, do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul, haja vista que outros grandes mercados se dão no Sudeste do Brasil”, informa ela. O formato final dos encontros de apresentação e negociação está ainda sendo definido.
PARCERIA
Em parceria como o PortoMídia, braço do Porto Digital para o desenvolvimento de um polo local de economia criativa, o Cine PE vai oferecer também o Workshop de Ilustração Digital aplicada ao Ambiente Cinematográfico, ministrado pelo professor Erick Frantto. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo site da Sympla. São apenas 25 vagas. “Antes, isso era impensável. Hoje, até realizadores de fora já podem finalizar seus filmes em Pernambuco”, comenta Bertini.
A partir do trabalho de seis curadores, os seis longas selecionados para a mostra competitiva são Os Príncipes, do veterano e experimentalista Luiz Rosemberg Filho (RJ); Henfil, de Angela Zoé (RJ); Meu Tio e o Joelho de Porco, de Rafael Terpins (SP); Marcha Cega, de Gabriel Di Giacomo (SP); Christabel, de Alex Levy-Heller (RJ); e Dias Vazios, de Robney Bruno Almeida (GO). Fora de competição, a Mostra Hors-Concours recebe a estreia nacional de Mulheres Alteradas. Com direção de Luís Pinheiro (SP), distribuição da gigante Paris Filmes, e elenco com estrelas como Deborah Secco, Alessandra Negrini, Maria Casadevall e Monica Iozzi, é uma típica produção para salas cheias de estudantes de férias.
Sandra Bertini diz que o protesto do ano passado, quando alguns diretores retiraram seus filmes do festival pelo fato de Alfredo Bertini, sócio e marido de Sandra, ter assumido o cargo de secretário do Audiovisual no governo Temer, acusado de golpe, não influenciou na programação deste ano. “Houve, ali, uma tentativa de se acabar com o Cine-PE. Mas resolvemos manter. Neste festival, há filmes de várias tendências. Os Príncipes, por exemplo, é um filme bem político”, ela diz. A programação conta também com a cinematografia de Kátia Mesel, homenageada desta edição ao lado da atriz Kassia Kiss Magro.