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Cinema é uma arma de luta para os povos tradicionais, diz diretora

A afirmação é da cineasta e ativista Dagmar Talga

Agência Brasil
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Publicado em 09/06/2018 às 18:59
Foto:  Marcelo Camargo/Agência Brasil
A afirmação é da cineasta e ativista Dagmar Talga - FOTO: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O cinema e a narrativa cinematográfica são uma arma de luta para os povos tradicionais, pois são as suas memórias que colocamos nas histórias. A afirmação é da cineasta e ativista Dagmar Talga, que lançou o filme O Voo da Primavera como parte da programação do 20º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica). O evento vai até amanhã (10) na cidade de Goiás.

“A grande mídia não fala nada sobre esses povos e o cinema é um caminho que, nos últimos tempos, expressa mais a vida desses oprimidos nessa sociedade desigual”, disse. “E temos que entender o papel dessa opressão, não é só pela grande mídia, mas pela economia, política e até pela religião”, complementou.

O Fica é um evento onde todos os povos têm espaço. Durante a última semana, filmes produzidos por representantes de comunidades tradicionais e indígenas foram exibidos na Mostra Cinema dos Povos do Cerrado.


A cineasta Dagmar Talga durante roda de conversa com o tema O audiovisual e a comunicação como ferramentas de resistência, na tenda multiétnica do Fica 2018  Marcelo Camargo/Agência Brasil
 

Já o documentário dirigido por Dagmar, O Voo da Primavera, narra o trabalho social de dom Thomás Balduíno, bispo e teólogo goiano envolvido com povos tradicionais, camponeses, indígenas e quilombolas, e suas lutas pela terra e por território em Goiás. Dagmar conta que a produção começou há 10 anos quando dom Thomás ainda era vivo.

“Queríamos fazer um documentário, mas ele não queria que fosse uma biografia, mas que contássemos sobre a resistência dos povos, a luta pelos direitos humanos, pela terra e as questões de gênero”, explicou. “Então, o filme fala dessa caminhada de luta e, nesse meio, do trabalho de dom Thomás”.

O filme narra a trajetória como bispo na cidade de Goiás, entre as décadas de 1960 e 1990, e suas intervenções em favor dos povos tradicionais, inclusive contra a própria Igreja Católica, o regime militar e os grandes proprietários de terra. “Tentamos fazer o máximo possível para entender essas questões e olhar a luta desses povos”, disse. “E trabalhamos a questão da religião, mas nessa perspectiva de que os religiosos também têm seus lados dentro do movimento da Teologia da Libertação”.

A luta pelos direitos de território é ligada diretamente ao ambiental, segundo a cineasta, por isso o lançamento do filme durante o Fica. “O território não é só para a sobrevivências dos povos, mas para todos. Quem produz os alimentos são os agricultores familiares, quem protege o meio ambiente são os povos tradicionais. Eles têm essa relação com a terra e não é uma relação que destrói, porque ali estão seus antepassados, então a relação é outra”, explicou.

Tenda Multiétnica

A relação de camponeses, quilombolas e dos povos indígenas com o meio ambiente teve espaço de destaque na programação do Fica com a Tenda Multiétnica, montada já há três anos durante o evento. Estudantes e visitantes puderam acompanhar as rodas de conversa sobre cultura, resistências e conflitos socioambientais, com a participação de representantes dos povos indígenas, quilombolas, universidades, pastoral da terra e movimentos sociais e organizados do campo.

No espaço de interação, também ocorrem oficinas de pintura corporal, grafismo, dança e artesanato, além de minicursos de línguas indígenas.

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