Mais descentralizada e democrática, a segunda edição do Fincar – Festival Internacional de Cinema de Realizadoras, que começa nesta terça (14), a partir das 18h30, e segue até o dia 19, abrirá espaço para mais de 70 filmes dirigidos por mulheres. As mudanças, que se refletem na ampliação do evento em relação à edição do ano passado, contribuem para fortalecer a empreitada dar visibilidade à produção feminina no audiovisual. Curtas, médias e longas-metragens de várias partes do mundo serão exibidos no Cinema São Luiz, Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, além do Cine Teatro Bianor Mendonça Monteiro, em Camaragibe (Região Metropolitana).
De 1168 filmes inscritos durante o mês de convocatória, 320 filmes foram brasileiros, colocando o Brasil como o país que mais submeteu. Mais de 70 produções, ao todo, serão exibidas, quase 40 a mais do que no ano passado. “A equipe de curadoria mais do que multiplicou. Nesta edição a gente teve uma curadoria bem diversa formada por educadoras, artistas plásticas, professoras, curadoras e uma grande presença das mulheres negras”, explica Lívia de Melo, da Vilarejo Filmes, que produz o evento junto com a Orquestra Cinema Estúdios. O festival conta com o apoio do Funcultura, além dos novos apoiadores Fundação de Cultura de Camaragibe, Pajeú Filmes, Paço do Frevo, Portomídia e Porto Digital.
No sábado (18), às 9h30, haverá uma vivência de curadoria no Paço do Frevo com a equipe do Fincar. “A gente busca debater a participação da mulher na curadoria. A gente fala muito da dificuldade de encontrar mulheres realizadoras e de elas exibirem seus filmes nos circuitos comerciais. Na maior parte dos festivais de cinema, até bem pouco tempo, a curadoria dos festivais era formada majoritariamente por homens”, continua Lívia. Para participar: se inscrever no fincar.comunicacao@gmail.com.
PRODUÇÕES
Em foco nas produções, a representatividade ganha destaque, com produtoras indígenas e negras submetendo seus filmes, além de trabalhos que trazem as questões de gênero e dos movimentos sociais com foco na mulher. Entre eles: Teko Haxy – Ser Imperfeita, feito pela indígena Patrícia Ferreira com Sophia Pinheiro, além de Mulheres Rurais em Movimento, com direção coletiva do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste/MMTR-NE e Héloïse Prévost.
Toda a mobilização do festival também segue em direção à democratização do acesso ao cinema. Além de programas de sessões de filmes para alunos de escolas públicas, haverá a campanha Sócias Fincar (limite de 150 vagas). “Estamos trabalhando com preços de ingressos populares, mas sabemos que ainda é custoso para algumas pessoas e esses valores interferem nos seus orçamentos domésticos, etc. Então a campanha é um tipo de credenciamento (fincar.comunicacao@gmail.com) onde pessoas trans, não binárias, mulheres cis e LGBT sendo moradoras de subúrbios e periferias, podem colocar seu nome na lista e ter entrada gratuita em todas as sessões”, explica a idealizadora e diretora de programação Maria Cardozo.
A primeira sessão, que acontece hoje, traz à tona a questão da sexualidade, um assunto ainda delicado no debate público. É Minha Cada Parte do Meu Corpo (+18) são filmes que, por perspectivas diversas, falam sobre a autonomia do corpo. Da autonomia e liberdade da expressão da própria sexualidade. Bem como constata os padrões cis, héteros e a sexualidade tóxica masculina”, explica Maria.
Para conferir a programação e os horários, acesse www.fincar.com.br.
Serviço
l Fincar – Festival Internacional de Cinema de Realizadoras. Nesta terça (14), a partir das 18h30 até o dia 19 de agosto. No Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista) e Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Rua Henrique Dias, 609, Derby) e Cine Teatro Bianor Mendonça Monteiro (Av. Dr. Pierre Collier, 441, Vila da Fábrica - Camaragibe). Ingressos: R$ 3 , R$ 2 e gratuito, respectivamente.