CINEMA

Gus Van Sant e Matt Damon apresentam filme engajado no Festival de Berlim

Promised land condena empresas que prejudicam o meio-ambiente

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 09/02/2013 às 20:55
Universal Pictures/Divulgação
Promised land condena empresas que prejudicam o meio-ambiente - FOTO: Universal Pictures/Divulgação
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Gus Van Sant e Steven Soderbergh, que concorrem com seus últimos no Festival de Berlim, têm pontos de vistas semelhantes no trato com o cinema. De uma maneira um tanto esquizofrênica, eles tentam manter a carreira no fio da navalha, ora servindo ao cinemão hollywoodiano, ora aos próprios caprichos de cineastas independentes. Side effects, o novo Soderbergh, que pode ser o último enquanto vigorar seu anunciado período sabático, ainda não passou por aqui. Mas Promised land (Terra prometida, numa tradução livre), de Van Sant, foi exibido na sexta-feira (08/02), e não causou mais do que indiferença coletiva.

Trata-se do terceiro encontro entre Van Sant e o ator Matt Damon, que também acumula a função de roteirista. Na verdade, ele seria o diretor, mas compromissos com outros projetos atrapalharam o queria sua estreia como cineasta. Os dois primeiros foram Gênio indomável (1997) e Gerry (2002): um filme acadêmico, e outro, digamos, mais conceitual. Promised land faz parte do primeiro time. Produzido pela Focus Features, o braço independente da Universal Pictures, o longa é bem filmado, faz um bom aproveitamento da paisagem semi-rural de uma cidadezinha da Pensilvânia e traz um ótimo elenco.

Além de Matt Damon, Promised land tem a ótima Frances McDormand, o renascido veterano Hal Holbrook (que também está em Lincoln), e John Krasinsk, da série da TV The office, que divide a função de roteiro com Damon, a partir de uma história de David Eggers. Certamente é o filme mais engajado socialmente já feito pela dupla Van Sant/Matt Damon. Eles tocam num assunto que cala fundo em várias partes do mundo: a responsabilidade com o meio ambiente.

Relações públicas (vendedor) de uma empresa de gás, Steve Butler (Damon) é tido com um funcionário de muito futuro pelos patrões. Ele é indicado para fazer um acordo de extração de gás nesta comunidade da Pensilvânia, que parece não ter muito futuro para seus moradores. Acompanhado de Sue (McDormand) e armado de muito bom mocismo, algo que Damon exala até sem querer, ele vai bater de porta em porta com a proposta, que pode significar a riqueza para os pequenos fazendeiros do lugar. A empreitada, que parecia fácil, se complica quando um ambientalista, Dustin Noble (Krasinki), apresenta provas de que a extração do gás trará condições maléfica ao meio ambiente, contaminando a água e provocando a morte de animais.

Para manter a história bem azeitada, Damon e Krasinski bolaram uma virada que, ao contrário de elevar o filme, acaba prejudicando-o, apesar de a estratégia ser a responsável pela “mensagem” de Promised land: as corporações jogam sujo para conseguir os seus intentos, e que só um sacrifício pessoal, ligado às origens de Butler, que também foi criado numa cidade pequena, pode se voltar contra a empresa que ele representa. O título original remete à canção homônima de Bruce Springsteen, do álbum Darkness on the edge of the town. Talvez por isso role uma festinha com o personagem de Krasinski cantando Glory days, de Born in the USA.

O repórter viajou numa parceria com o Centro Cultural Brasil-Alemanha.

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