Nos últimos quatro anos, Beth Carvalho ficou mais de 600 dias reclusa, parte deles deitada numa cama. Um problema sério na base da coluna a levou à mesa de cirurgia e assustou o mundo do samba.
Há pouco mais de um mês, a cantora está de volta à sua casa, depois de infindáveis 13 meses num quarto de hospital. A volta por cima será consolidada a partir de 7 de setembro, seu dia da independência: Beth fará o primeiro show desde março de 2012 (no Vivo Rio).
"Estou superfeliz. Com 67 anos e 48 anos de carreira, estar sendo solicitada desse jeito...", confessa, referindo-se à agitada agenda, que já alcança 2014. Dia 18 de outubro, canta no HSBC Brasil (São Paulo). Depois segue pelo Sul e o Norte.
Ela vai se apresentar sentada, rodeada por seus dez músicos. Não vê motivo para alarde por conta disso. "Todo mundo senta. Caetano Veloso canta sentado, Ivan Lins também... Por que eu não posso?"
A entrevista à reportagem, na quarta-feira, foi no sofá do apartamento de frente para o mar de São Conrado em que vive há seis anos. No play do prédio, assim que teve alta, aproveitou o aniversário da sobrinha cantora Lu Carvalho para congregar com amigos e afilhados artísticos.
Não que eles estivessem apartados. "No hospital, recebia visitas diárias. Esse carinho todo é inédito. Via gente que não recebia visita alguma... Uma coisa é o começo, quando todo mundo vai. Depois começa a escassez. Mas comigo chegou um momento em que tive que fazer uma agenda! Foi uma prova grande do que sentem por mim. Amo e sou amada."
O repertório do show tem 8 das 15 faixas de "Nosso Samba Tá Na Rua", o CD lançado em novembro de 2011 que Beth mal teve tempo de divulgar, e seus clássicos, como "Vou Festejar", "Coisinha do Pai" e "1.800 Colinas". Em São Paulo, por ser a terra de Paulo Vanzolini, entrará "Volta Por Cima" - o slogan do momento.
Qualquer uma chorava com a provação pela qual Beth passou. Mas ela foi capaz de manter o otimismo. "Eu me dou bem comigo. Sou animada. As coisas que eu tinha que carregar brincava que eram as minhas alegorias de mão. É o meu espírito. As pessoas achavam que iam visitar alguém deprimida e saíam do hospital melhor do que entravam. O samba agora está na rua de verdade, pois eu estou também.