Há três anos, entre 2011 e 2013, o jornalista Bruno Albertim percorreu cerca de 15 mil quilômetros entre capitais e lugarejos quase fora do mapa do Nordeste. O objetivo geral era entender como a comida participa das noções de identidade dos nordestinos. Resultando num calhamaço de cerca de 600 páginas de relatórios de pesquisa para o Museu do Homem do Nordeste - Fundaj, com previsão ainda indefinida de publicação em livro, parte desse material foi publicado nos cadernos especiais Nordeste – Identidade Comestível, pelo Jornal do Commercio. Na ocasião, pela primeira vez, uma série de reportagens ligadas ao universo da comida ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, o mais importante da imprensa brasileira. “Apesar de já ter até dirigido alguns documentários, eu era um jornalista muito feliz atuando prioritariamente nos meios impressos quando, nas viagens, descobri realidades com uma densidade tão grande de informações - visuais e orais - que comecei a ter muita vontade de tratar da gastronomia e da culinária, meus temas preferenciais de investigação, no vídeo”, diz Albertim, crítico de gastronomia do JC.
No próximo sábado, pontualmente às 13h20, o affair do jornalista com a TV ganha corpo no programa Frigideira de Bruno Albertim. O projeto é uma parceria entre a produtora 485 filmes, uma das referências do mercado publicitário e de audiovisual do Nordeste, e a TV Jornal - SBT. “Há uns anos, propus a ideia a ele e finalmente decidimos que íamos fazer um programa de gastronomia para a TV. Eu pensava num reality mostrando a vida de um jornalista. Bruno não achava tão interessante assim mostrar apenas os bastidores de seu trabalho, mas confiou e topou. Depois de muitas horas de gravações, edições, idas e vindas, chegamos num formato bacana. O programa não é 100% reality, não é 100% jornalístico, não é 100% culinária, mas ele é 100% Bruno Albertim”, diz Mário Rios, diretor do programa e da produtora. A supervisão geral é de Beatriz Ivo, diretora de Conteúdo da TV e da Rádio Jornal, que acolheu o projeto com entusiasmo. “Esse programa tem a linguagem da nova televisão contemporânea”, diz.
O programa é e não é, como diz o diretor, apenas centrado na atuação do jornalista. “É claro que, num programa semanal de meia hora, não teríamos fôlego para fazer o que se faz em documentários que levam até anos de produção, mas nossa ideia é mais do que simplesmente ensinar formas de preparar pratos e despertar apetites, o que, sim, também vamos fazer: é mostrar como a comida faz parte do cotidiano, das relações de afeto, da identidade, da cultura das pessoas”, diz Albertim, autor de livros como Recife Guia Prático Histórico e Sentimental da Cozinha de Tradição.
Para a primeira temporada, o público pode acompanhar Bruno visitando localidades do Sertão e do Agreste, além da Região Metropolitana do Recife. “Em alguns episódios, mostramos receitas e ingredientes nos seus ambientes originais os levamos para o ambiente dos chefs, para mostrar como a cozinha popular e tradicional pode ter versões nos ambientes da alta gastronomia. Não gravamos em estúdio, mas nos lugares onde a comida acontece”, diz o jornalista. "No blog do programa, que estreia hoje, os leitores poderão assistir aos episódios e ler algumas receitas relacionadas".
Frigideira de Bruno Albertim – estreia sábado, às 13h20, na TV Jornal/SBT