Dizem que um talento genuíno nasce de berço. Estão enganados. O despertar de um dom pode desabrochar ainda no ventre da mãe. Isso é o que garante uma das quatro personagens que o Jornal do Commercio conversou. Ally Victory, Bela Maria, Mariana Rocha e Tábatha Almeida, apesar da pouca idade já mostraram ao que vieram para o país inteiro, no The Voice Kids Brasil, programa exibido nas tardes de domingo da Globo. Elas trazem histórias de vidas diferentes, mas que se assemelham, simplesmente, pelo amor à música. E, agora, carregam a responsabilidade de levar o nome de Pernambuco em rede nacional. Conheça um pouco das quatro representantes pernambucanas que ainda continuam na disputa da competição musical quem tem mexido com as emoções de telespectadores de todas as idades.
>>> A espontaneidade de Ally Victory
Pelo sorriso e animação de Ally durante a conversa com o JC, não parece surpresa saber que a iniciativa de participar do programa partiu dela mesma: “eu sempre procurava tanto programas nacionais, que pudessem entrar a minha idade, quanto internacionais”, conta ela, que quase foi ao The X-Factor (show de talentos na TV) da Austrália. Para ingressar no The Voice Kids, apresentou Domino, de Jessie J, e Como Nossos Pais, de Elis Regina no vídeo de inscrição.
A trajetória para alcançar o palco oficial da atração teve seus percalços. Um deles foi chegar rouca nas seletivas regionais, ocorridas em Fortaleza, com direito a engasgar na sua performance para a equipe do programa. E ainda que o talento sobressaísse e a levasse aos estúdios da Globo, a rouquidão e o nervosismo lhe acompanharam até o dia em que cantou Stoned Cold, da Demi Lovato, para os jurados e ficou no Time Victor & Léo.
O incentivo musical de Ally veio dos pais e do primo, que chama de tio. Com ele, aprendeu a cantar inglês. Emotions, de Mariah Carey, foi a primeira música que ela aprendeu nesse idioma. Junto a Mariah, Demi Lovato, Beyoncé e Jessie J definem as inspirações musicais da menina de 15 anos que mora no bairro do Ipsep, zona oeste do Recife. E uma música internacional – só isso que ela pode adiantar – definirá o destino dela no programa amanhã, nas últimas batalhas.
>>> A simplicidade de Bela Maria
A trajetória de Bela Maria no programa é a mais confortável das meninas pernambucanas até agora. Ela foi aprovada na audição às cegas e venceu a fase de batalhas. Agora, aguarda o momento dos shows ao vivo, mas a garota da cidade do Paulista, no auge dos seus 14 anos, não deixa se levar pelo sucesso. “A expectativa agora é se divertir e dar o meu melhor. Correr sempre atrás disso, para dar o meu melhor sempre”, reforça.
O país inteiro parou pela primeira vez para ouvi-la cantar Não Vá Embora, de Marisa Monte. E derreteu todos com a história mais simples de convivência com a música: “Mainha sempre gostou muito de escutar música. Aí ela colocava os CDs no som. E quando ela tava grávida de mim gostava de colocar o bucho lá no som para eu ficar lá escutando. Acho que foi daí que comecei a gostar de música”, reconta Bela, que está no Time Brown.
E, desde o bucho de sua mainha, a garota passou a buscar suas próprias influências musicais. Marisa Monte, Ariana Grande, Beyoncé, Rihanna, Maria Gadú e Tiago Iorc estão entre elas. Na inscrição, Bela enviou interpretações de Best Mistake, de Ariana Grande e Versos Simples, de Chimarruts. E Halo, de Beyoncé, garantiu sua passagem para a terceira etapa. Mas é Velha e Louca de Mallu Magalhães que, segundo ela, consegue definí-la: “Respiro fundo e canto / Mesmo que um tanto rouca / E pode falar não importa / O que eu tenho de torta / Eu tenho de feliz”, declamou.
>>> A segurança de Mariana Rocha
A idade é 14 anos, mas a seriedade e o comportamento de Mariana Rocha são de adulta. O início na música veio com os pais e o irmão, dentro de casa, que toca guitarra e violão. E antes mesmo de se inscrever, Mariana precisava vencer a timidez: “Na verdade, foi um pouco difícil de me convencer a fazer a inscrição já que tinha muita vergonha. Mas graças a minhas amigas e família me inscrevi, e só de ter passado na primeira fase já deu tudo certo”, relembra.
Mariana cantou The Way You Make Me Feel, de Michael Jackson, e Bete Balanço, de Barão Vermelho no seu vídeo de inscrição. No dia de sua audição às cegas, pra valer, o Rei do Pop foi a sua opção mais uma vez com Man In The Mirror, e a escolha não foi em vão: “Para mim, essa música é como uma oração. A mensagem que ela passa é a mais pura verdade”, enfatiza a jovem. Ao começar a cantar, sua timidez some para dar lugar a uma voz forte e segura.
O público pernambucano não se rendeu à Mariana apenas por ser conterrânea. Ao ser indagada pelos jurados quem eram suas influências, o nome de Chico Science veio de imediato no palco. “Gostaria de deixar registrado o meu amor pelas obras de Lenine, outro artista da terra que sou muito fã”, ressalta ao JC. O futuro de Mariana no Time Victor & Leo será decidido nas batalhas de amanhã, mas a carreira da jovem na música, que também quer ser médica, é promissora.
>>> A meiguice de Thábata Almeida
Nascida em Fortaleza, mas moradora do bairro da Jaqueira, zona norte do Recife, Tábatha quase que não se inscrevia no programa. Mas a mãe insistiu para que a jovem de 14 anos ao menos tentasse. “Eu tava com medo do pessoal do colégio pensar alguma coisa e meu pai também não tava muito animado”, conta ela, que cedeu aos incentivos e enviou um vídeo cantando Nobody's Perfect, da Jessie J.
Ao passar das seletivas regionais, a garota e os pais estavam mais animados. “Também passei a me cobrar mais. E as minhas duas melhores amigas, Luiza e Helena, deram o maior apoio”, enfatiza. A escolha de cantar Dear Future Husband nas audições, de Meghan Trainor, foi opção de Tábatha, com um pouco de insistência da produção. O resultado foi a aprovação de Ivete Sangalo e Carlinhos Brown, mas a preferência pela baiana determinou o seu time.
O reconhecimento não demorou muito a chegar. Nas redes sociais, a pequena cantora já tem mais de 20 mil seguidores. E as mensagens que recebe são, na maioria, positivas. “Tem algumas críticas, mas eu relevo porque os comentários bons são maiores”, admite. Fã de Meghan Trainor, Ed Sheeran e Melanie Martinez, a Batalha que participará amanhã será um desafio maior do que foi cantar com Ivete em pleno Carnaval do Recife: “Vou cantar em português”, antecipa.