Fernanda Souza sem personagens em Pernambuco

Atriz volta ao estado com a peça Meu Passado Não Me Condena neste sábado (16) em duas sessões no Teatro Guararapes apresentando o papel mais importante da sua carreira: ser ela mesma.

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O nome dela é Fernanda Souza. Também conhecida do público como Mili, Helô, Mirna, Carola ou Isadora. Aos 32 anos, e casada com o cantor Thiaguinho, a atriz que nasceu em São Paulo viu seu nome ser destaque ao ser a principal Chiquitita da primeira versão da novela infantil em 1997 no SBT/TV Jornal. Seu talento despertou a atenção da Rede Globo até que, após alguns papeis na emissora carioca, teve seu encontro com a comédia ao viver a caipira Mirna, de Alma Gêmea (2005).

Com outros personagens de relevância que caíram no gosto do público, Fernanda viu seus admiradores aumentarem quando mergulhou de cabeça nas redes sociais. Acontece que lá, ela não interpreta papel algum. Fernanda Souza dá vida a ela mesma. A prova disso está na peça Meu Passado Não Me Condena, que volta a se apresentar neste sábado (16), no Teatro Guararapes, após dois anos. No palco, a 'Fê' do SnapChat é a mesma que revive toda a sua história para uma plateia, sem medo de contar, além de suas vitórias, suas decepções, medos e, principalmente, a sua fé.

E para comemorar esta sua segunda passagem em Pernambuco, a atriz interrompeu um pouco a sua intensa rotina de gravações para seu novo programa no Multishow que estreia em outubro para conceder uma entrevista para o Jornal do Commercio. Confira:

 

Jornal do Commercio – Fernanda, desde pequena você queria ser artista ou foi mesmo "obra do destino"?

Fernanda Souza – Eu sempre quis ser artista, na verdade. (risos) Eu acho que com cinco aninhos eu decidi. Eu liguei pro meu pai e falei que eu queria fazer novela, comercial de televisão, essas coisas. Então foi uma coisa que sempre veio de pequenininha mesmo.

 

JC – A primeira e grande lembrança que temos de você será sempre da Mili. Você declara, inclusive, na sua peça, que você sente um grande orgulho de seu trabalho em Chiquititas. O que esse período ensinou pra você, pessoal e profissionalmente?

Fernanda – Esse período da Mili me ensinou muito. Profissionalmente, como atriz, a ter responsabilidade. Decorar texto, lidar com um volume grande de cena, fazer uma protagonista aos 13 anos de idade. Tudo isso que é muito complicado pra uma criança, né? E ao mesmo tempo, pra Fernanda foi muito positivo porque eu aprendi a amadurecer mais cedo, a entender melhor a minha profissão, o esquema de gravação, entre outras coisas.

 

JC – Na peça Meu Passado Não Me Condena você revela, em tom bem humorado, que você não cantava na novela do SBT. E mesmo assim gravou um disco tempos depois. Cantar está totalmente fora dos seus planos hoje ou você pensa em retomar isso algum dia? Toparia fazer um musical por exemplo?

Fernanda – Não. Não sei se eu toparia fazer um musical. Eu não canto bem. (risos) Eu não gosto de cantar, não é uma coisa que seja a minha praia assim, sabe? Não é uma zona em que eu me sinta segura. Acho que eu me sinto mais segura dançando – por causa da Dança dos Famosos [a atriz foi a vencedora da edição de 2010] – do que cantando. Cantar não é uma área em que eu atuaria. Claro que um musical é diferente. Mas os atores de musicais são tão maravilhosos, cantam tão bem, que eu ia ficar com vergonha! (risos) Porque eu não ia chegar no nível deles nunca nessa vida!

 

JC – Ainda sobre Chiquititas, qual a música que você mais gostava da sua época e porquê?

Fernanda – A música que eu mais gostava da época de Chiquititas é Amigas. Pela coreografia, pelo clipe que é maravilhoso, e pela letra que diz muito do que a gente viveu ali da nossa relação com as meninas.

JC – O sucesso no SBT te levou para a Rede Globo, onde você está até hoje e consolidou sua carreira como atriz. Após cinco trabalhos, veio o boom da Mirna em Alma Gêmea, um papel de humor. Foi ali que você descobriu uma empatia com a comédia?

Fernanda – Em Alma Gêmea, na verdade, essa novela foi meio que um divisor de águas. Nessa eu fiquei muito feliz de ter feito, aprendi pra caramba, foi bem gostoso e o meu primeiro contato com comédia na televisão. E ali eu senti que era gostoso de fazer. Não sei dizer que eu tinha uma aptidão, mas era uma área muito confortável de trabalhar. Por isso que realmente a Mirna foi muito especial e é pra mim até hoje. Eu sou completamente apaixonada por ela!

 

JC – A Carola de O Profeta também foi marcante na sua carreira ao ter que engordar pela personagem. Esse foi o seu maior desafio como atriz até hoje?

Fernanda – O desafio de fazer uma personagem de comédia foi muito grande, mas eu acho que o desafio da Carola ele foi grande pra Fernanda pessoa física e não pessoa jurídica, sabe? (risos) No sentido de, quando atriz você ter que abrir mão do seu corpo, da sua vaidade. E quando você volta pra casa, o personagem acaba, mas você continua com aquele corpo, com aquela imagem. E você aprender a viver com isso, sabendo que você tá fazendo isso por um bem maior, aprender a amar o seu corpo independente do número da calça que você vista, eu achei isso muito positivo mesmo. Me acrescentou bastante coisa.

 

JC – Também não conseguimos esquecer da Isadora Dassoin de Toma Lá, Dá Cá. Qual o momento mais marcante deste trabalho pra você?

Fernanda – Ai, eu amo Toma Lá, Dá Cá! Nesses dias eu encontrei com o Miguel Falabella e a gente se abraçou e eu falei: 'Eu te amo tanto!' e ele falou: 'Eu te amo mais!'. A gente tem uma relação muito boa e eu ganhei um presentão dele. Essa personagem tem um lugar muito especial na minha carreira porque me ajudou a fazer uma transição de um personagem que era patinho feio pra fazer uma outra que era um mulherão. Então foi muito importante mesmo e eu fiquei muito feliz. E também porque eu trabalhei com muita gente que eu amo, que eu sou fã, então foi ótimo!

JC – A Aninha da franquia Muita Calma Nessa Hora divertiu muito o público nos cinemas. Você gostaria de trabalhar mais nas telonas ou a TV é, de fato, a sua casa?

Fernanda – Eu não sei se eu tenho uma coisa do tipo preferida. Eu acho que tem fases. A fase de agora, depois de 17 anos fazendo novela na Globo, eu tô completamente apaixonada por apresentar. Então isso tá sendo, assim, um prazer gigantesco na minha vida! E se eu pudesse escolher hoje, eu escolheria dar mais atenção pra apresentação porque é uma coisa mais nova, mais fresca, mais recente. É mais emocionante porque eu tô descobrindo, aprendendo, então tá sendo mais desafiador. Como eu gosto muito de desafio, hoje em dia, apresentar está sendo mais estimulante.

 

JC – Como surgiu a ideia do Meu Passado Não Me Condena? Deu trabalho de escrever passando a limpo a sua própria história?

Fernanda – A ideia do Meu Passado... surgiu com a vontade de poder humanizar, e trazer o público pra perto do artista, desmistificar, tirar esse glamour, esse distanciamento que existe. As redes sociais, na verdade, já andaram fazendo isso durante um tempo, né? Mas com a peça eu consigo fazer mais ainda, sabe? Porque realmente eu tô ali, em carne e osso, contando as minhas histórias, abrindo o meu coração, contando tudo o que eu vivi, dando um exemplo de perseverança, de luta, de alguém que acredita muito nos seus sonhos, que acredita muito em Deus, e acredita, principalmente, que é através Dele que a gente realiza tudo o que tem. Então eu tento deixar essa mensagem na peça também. Além de, obviamente, divertir, porque é uma comédia. E passar a história a limpo não deu trabalho, mas foi uma visita gostosa de fazer. Foi uma época melancólica e nostálgica da vida.

 

JC – Sua simpatia é nítida, e reflete principalmente em suas redes sociais. Você considera isso parte de seu trabalho ou é apenas o lugar onde você pode ser você mesma?

Fernanda – Eu sou um ser humano como outro qualquer. Tem dias que eu tô mais bem humorada, tem dias que eu tô menos, mas eu tô sempre bem humorada. Tem situações, obviamente, quando eu tô com sono ou eu tô com dor de cabeça ou eu tô, por exemplo, no aeroporto, é um lugar que eu não tô muito relaxada. Eu tenho medo de avião. Então normalmente as pessoas que me encontram no aeroporto, eu não tô a pessoa mais à vontade do mundo porque eu tô apreensiva. E como qualquer ser humano eu tenho os meus medos, as minhas dificuldades e luto contra eles diariamente. Mas na minha vida normal eu sou exatamente aquilo que eu mostro. Até porque, ninguém sustenta um papel durante muito tempo. Só de Globo são 17 anos, e eu não conseguiria segurar uma mentira. Então assim, a gente tem que ser a gente mesmo. E as pessoas vêm à peça e falam: 'Meu Deus, ela é igualzinha mesmo do Snap'. E isso é o grande lance: é ser você mesmo. Esse negócio de ser escravo de fazer personagem não tem nada a ver comigo! Às vezes eu peco por ser eu demais. (risos)

JC – No momento, você está gravando um programa ainda sem título para o Multishow. O que você pode adiantar sobre ele?

Fernanda – É um programa de entrevistas que também mostra os bastidores de um programa de entrevista. A gente tem uma carta seletíssima de convidados muito especiais. Eu tô vivendo momentos incríveis! Tô amando dividir esse momento com essas pessoas. Muito feliz que o Multishow me deu essa oportunidade. Tô realizando um sonho que eu pedi muito pra Deus. Que eu rezei muito, que eu joguei pro Universo! Até me emociona falar disso porque (pausa) eu realmente pedi muito, sabe? E é muito bom você ganhar esse presente de Deus e conseguir realizar isso. Eu fico muito emocionada por isso, porque Deus é sempre muito generoso comigo.

 

JC – A sua peça conta mais que sua vida. Você acaba compartilhando sentimentos, com mensagens muito positivas. Há alguma possibilidade dele se tornar DVD algum dia?

Fernanda – Sim! A gente está estudando o DVD. Na verdade, o Rafa [Raphael Vieira], que é o diretor do meu programa, dirigiu o DVD do Thiago [Thiaguinho]. Ele é filho de um grande diretor da Globo, que é o [falecido Roberto] Talma. Conheço o Rafa já tem algum tempo e além disso ele é casado com a minha melhor amiga. Então eu queria muito trabalhar com ele porque sou muito fã do trabalho dele e aí o Thiago também ficou fã, pediu pra trabalhar com ele e fez o DVD dele [#VamoQVamo, Som Livre, 2016]. Eu já tinha o projeto de fazer o DVD da minha peça com o Rafa quando surgiu o programa e eu só consegui pensar nele pra dirigir. Então, como a gente tá focado no programa pode ser que daqui a algum tempo a gente consiga fazer sim o DVD da peça. Eu penso muito nisso.

 

JC – Aos 32 anos, como Fernanda Souza enxerga toda a sua carreira? Ainda existe algo a conquistar?

Fernanda – Eu enxergo como alguém que tá só começando ainda! Eu sou muito nova, tenho muita coisa pra aprender. Apesar de já ter vivido muita coisa, não me sinto confortável em dizer que 'ai, tá tudo bem' ou 'eu sei muito'. Não, não sei nada! Eu tenho mais é que aprender mesmo! (risos) Tô começando uma nova fase da minha vida e tô muito feliz. Espero que essa vertente de ser apresentadora dure muitos e muitos anos! Eu adoro ser a Fernanda. Eu adoro me comunicar com as pessoas através da Fernanda, sem um personagem entre a gente. Eu gosto de ser o que sou para o público, de passar a minha mensagem. Acho que eu consigo ser um instrumento maior quando eu sou a Fernanda do que através de um personagem, porque ali o que eu tô dizendo é sempre escrito por alguém. Tem um autor, tem uma história, é um outro contexto. Quando eu sou a Fernanda eu consigo mostrar tudo o que eu penso, o que eu acredito, falar da minha fé, que é uma coisa muito importante pra mim passar isso pras pessoas. Quero ser instrumento de Deus, quero levar essa esperança, essa alegria, essa ligação que eu tenho com Ele. Até porque eu acho que os jovens ficam distantes de Deus em alguns casos. E a minha ideia é mostrar que você pode ter Deus como o seu melhor amigo e realizar tudo o que você quiser.

Fernanda Souza ficou conhecida ao viver a protagonista Mili, em Chiquititas (SBT/TV Jornal). -
Ao ser contratada pela Rede Globo, se destacou no papel da caipira Mirna em Alma Gêmea. -
Fernanda Souza engordou 10kg para dar vida à Carola, em O Profeta. -
Logo após, perdeu os mesmos 10kg para viver o mulherão Isadora, na série Toma Lá, Dá Cá. -
Ela conta a sua história no stand-up Meu Passado Não Me Condena, que já esteve no Recife. -
A atriz estreou o Vai, Fernandinha no Multishow em Outubro. -

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