''Sereias não se apaixonam'', justifica Isis Valverde sobre Ritinha

Em entrevista, atriz conta ter semelhanças com a espevitada protagonista de 'A Força do Querer'

Foto: Fabio Rocha/TV Globo/Divulgação
Em entrevista, atriz conta ter semelhanças com a espevitada protagonista de 'A Força do Querer' - FOTO: Foto: Fabio Rocha/TV Globo/Divulgação

Isis Valverde foi fundo (literalmente) para compor Ritinha, protagonista de A Força do Querer, novela das 21h da Globo. Filha de Edinalva (Zezé Polessa), a moça cresceu ouvindo que seu pai é um boto e acredita ser uma sereia. Para se preparar para o papel, a atriz teve aulas de mergulho e sereísmo (estilo de vida baseado nestes seres lendários). Na trama de Glória Perez, a espevitada se encanta tanto por Zeca (Marco Pigossi) quanto por Ruy (Fiuk), o que vai trazer consequências ruins para os dois.

Na entrevista a seguir, a mineira de 30 anos fala sobre a experiência de viver uma sereia; como foram os laboratórios; o triângulo amoroso e o contato com as pessoas durante as gravações em Belém, no Pará. Além disso, a atriz opina sobre feminismo e comenta como reage ao interesse das pessoas por sua vida particular.

ENTREVISTA ISIS VALVERDE:

Como você vê o encantamento das pessoas, principalmente das crianças ao se depararem com uma sereia?

ISIS VALVERDE - Tento não pensar muito nisso, mas posso dizer que a minha prima, de dois anos e oito meses, ficou surtada. As mães já devem estar apavoradas, porque todo mundo vai querer uma cauda, que, por sinal, é muito pesada. Mas, dentro da água, eu tenho mobilidade. As cenas no mar foram mais difíceis, porque a água estava gelada. Então, quando você está com o corpo muito frio, seu tempo de apneia (período em que se fica submerso sem o auxílio de equipamentos para a respiração, ou seja, apenas com a reserva de ar dos pulmões) é mais curto.

Como foi a sua preparação? Quanto tempo você fica em apneia?

ISIS - Eu fico dois minutos em apneia em movimento hoje. Comecei com 12 segundos e agora fico até quatro minutos estática. Foram duas horas de treino por dia durante três meses. Além da preparação para a dança do carimbó. Mas, apesar do esforço, achei muito possível ficar em apneia. Eu desço quatro ou cinco metros. Tive que aprender a lidar com a água entrando no nariz.

A Ritinha vai aprontar tanto com o Zeca (Marco Pigossi) quanto com o Ruy (Fiuk). Como vai funcionar esse triângulo com uma sereia?

ISIS - A Ritinha é uma sereia. Então, vamos deixar bem claro que a personagem acredita que é uma e a mãe fala que ela é filha de um boto. Então, eu tenho que acreditar no mesmo e sereias não se apaixonam. Elas amam até um ponto. A gente vai aprender ao longo da novela como é o amor de uma sereia, mas acho lindo porque os homens ficam loucos.

A Ritinha tem alguma semelhança com você?

ISIS - A Ritinha sobe em árvore, corre, é muito moleca. Isso tem a ver comigo. Queria ser igual a ela nessa questão da liberdade. Eu vivo dentro das regras sociais, mas a personagem desconhece todas. Pra ela não existem regras; ela segue apenas o coração. Ela ferra todo mundo, mas não é por querer. É simplesmente porque não conhece as regras do bem, do mal, da ética, da moral. Eu brinco que ela é uma força da natureza.

Como foram as gravações em Belém?

ISIS - Agradeço à produção pelo pulso que teve, pela logística, porque não iria conseguir sozinha. A gente gravou no Mercado Ver-o-Peso, em Belém. Eu passei do lado do cara que era pescador mesmo. Imagina só o cara olhando uma sereia ali! Aí a galera ficou gritando: "Joga a sereia pra cá!". O povo enlouquecia. Foi uma logística que a gente não os desagradou nem eles atrapalharam a gente. Acabamos interagindo.

Você tem uma atuação marcante como feminista. Quando começou isso?

ISIS - Descobri isso mais nova, quando minha mãe soltou a seguinte frase: "Que pena que ela nasceu mulher!". Aí eu falei: "Oi? Por quê?". A partir desse dia, comecei a descobrir essa diferença entre gêneros e me engajei. Essa novela fala disso também. Por conta da sociedade ser naturalmente machista, até os homens agem dessa forma por condicionamento. Se eles pararem para pensar, o feminismo é a luta pela igualdade e os homens também vão lucrar com isso. Já vi amigo meu não querer chorar, não pedir ajuda porque é machão.

Te incomoda a forma como as pessoas especulam sobre a sua vida?

ISIS - Aprendi a lidar com isso. Amadureci. Hoje, tenho 30 anos. Sei botar um limite. Comecei minha carreira com 17 e era muito ingênua, sem saber o que eu podia ou não falar. Tem algumas pessoas que querem puxar um assunto só para usar de outra forma.

O que você sentiu de diferente ao completar 30 anos?

ISIS - Eu escrevi um texto gigante no meu Instagram sobre o meu aniversário de 30 anos. Nesse texto falei que aprendi que a gente nem sempre vai agradar a todo mundo. Sou filha única, então tinha a mania de chegar na casa da minha avó e agradar a todos os meus tios, até cafuné eu fazia. Descobri que não é assim, que dizer "não" é libertador. Você começa a conhecer o seu corpo melhor, vê o que tem prioridade na sua vida. Estava conversando com a Zezé Polessa e falei para ela que primeiro vem a minha saúde, em segundo a minha família e em terceiro o meu trabalho. Tento não atropelar, senão você acaba se perdendo no que é importante de verdade.

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