Profissionais que compõem as equipes da TV JC e da TV Estadão trocaram experiências na manhã desta terça-feira (16/5), em um evento promovido no auditório do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), no bairro de Santo Amaro. Durante o encontro TV Estadão/TV JC Muito Além da Televisão, foram abordadas diversas questões relacionadas à produção de conteúdo para exibição ao vivo e on demand pela internet, tais como a adequação de conteúdos aproveitando formatos e ferramentas disponíveis, organização das equipes, estrutura e equipamentos empregados ou as plataformas de distribuição.
O encontro, com entrada gratuita, contou, na plateia, com a presença de profissionais e estudantes de comunicação, que puderam fazer perguntas aos palestrantes. Também assistir a uma parte do programa Conexão, apresentado por Diogo Menezes e transmitido ao vivo. Da redação, ele interagiu com o jornalista Felipe Vieira, que estava no auditório.
TV Estadão
O coordenador da TV Estadão, Everton Oliveira, foi o primeiro a compartilhar informações. A participação dele começou com uma apresentação sobre as fases pelas quais passou a TV Estadão, desde a primeira produção de conteúdo, em 2007, na cobertura do acidente com uma aeronave da TAM em Congonhas (São Paulo). Entre as características do trabalho na época estavam o formato "jornalismo de bancada" com debates em estúdio.
Everton Oliveira seguiu recordando estas etapas até chegar, por exemplo, a 2014, momento em que destacou a aproximação com a linguagem da fotografia. "Saímos do formato da TV mais tradicional e o foco passou para a produção de mini-documentários e especiais de fim de semana. Houve uma mudança de linguagem, de comportamento e na forma de pensar a TV. Fazíamos menos transmissões 'ao vivo', que ficavam mais para assuntos como as eleições e o Enem", afirmou.
O coordenador também contou que, após essa fase, a TV Estadão deixou de focar na produção de mini-documentários e passou a investir mais em vídeos curtos, transmissões ao vivo e comentários dos jornalistas sobre as chamadas "hard news". A necessidade de se manter a experimentação ao longo do tempo, em busca da melhor maneira de apresentar cada tipo de conteúdo, em diálogo com as características de cada grupo do público e de cada plataforma, aliás, esteve presente nas explanações dos participantes do encontro.
A TV Estadão também foi representada pela coordenadora de conteúdo do projeto, Mariana Goulart. Ela contemplou questões como o processo de adaptação da redação de um jornal impresso para a produção de conteúdo em vídeo. "Algo que acontece geralmente, mas não é uma regra, é que demandas chegam da redação. Os repórteres nos procuram e a gente discute a viabilidade dos formatos para cada tipo de conteúdo. Como alguns vêm do foco no papel, do texto para o impresso, é um exercício diário de estimular o pensamento para o vídeo".
TV JC
A apresentação da TV JC também teve início com uma cronologia. No caso do projeto pernambucano, o programa de estreia foi o JC no Mundial, em que Diogo Menezes mediava conversas entre duas pessoas, uma que entendia mais e outra menos de futebol, durante a Copa de 2014.
"Já havia produção em vídeo, os repórteres iam para a rua, tínhamos a edição. Mas aí nasceu o insight de fazer um guarda-chuva para reunir essa produção", afirmou o editor de fotografia do JC, Arnaldo Carvalho, antes de falar sobre as diferentes fases e cenários da TV JC, que ele descreve como um projeto criado com "alma de start up".
"Costumo dizer que sou uma pessoa de fé e uma das crenças que eu tenho é no jornalismo. O formato é que está mudando, mas o que fazemos é jornalismo. As novas ferramentas, a tecnologia, quando bem utilizadas, são fortes aliadas das formas de se contar histórias", afirmou a editora de conteúdo da TV JC, Adriana Victor, ao iniciar sua participação no evento.
Profissional com experiência na TV tradicional, Adriana também falou sobre diferenças em relação ao trabalho na web - desde questões como a grade de programação até o modo como os repórteres se colocam em vídeo. "Nós temos uma grade com os programas, mas deixamos brechas para poder trazer gente que está visitando a cidade ou que está fazendo algo legal por aqui, tratar de um assunto do dia que as pessoas querem saber mais", citou a jornalista.
Como exemplo, Adriana lembrou da véspera de um jogo decisivo entre Sport e Santa Cruz. Neste dia, durante todas as transmissões, os internautas pediam notícias sobre o jogo. Então, foi feita uma edição especial do Futebol na Rede, programa esportivo, falando do assunto que era demanda dos internautas. A mobilidade e a flexibilização de horários da TV web também permitiram que transmissões extras fossem criadas em 19 de janeiro de 2017, dia em que caiu o avião que transportava o Ministro do STF, Teori Zavascki e também assim que a ex-primeira dama Marisa Letícia foi internada, dias depois .
O coordenador de mídias sociais do SJCC, Romeu Coutinho, falou especialmente sobre a distribuição do conteúdo para diferentes plataformas. Ele utilizou como exemplo o próprio caso do Conexão. "O programa parte do perfil do Jornal do Commercio porque Diogo Menezes é originário do JC, mas, como o conteúdo do Conexão é hardnews, comum aos outros veículos do sistema, o material é distribuído para as páginas da TV Jornal, Rádio Jornal e NE10. Cada perfil tem características próprias e públicos diferentes", citou.