Julgamento de Bill Cosby é anulado por falta de veredito

O processo contra Bill Cosby foi anulado depois que o júri não alcançou um veredito por unanimidade sobre nenhuma das acusações contra o ator americano.

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O processo contra Bill Cosby foi anulado depois que o júri não alcançou um veredito por unanimidade sobre nenhuma das acusações contra o ator americano. - FOTO: Foto: AFP

O processo contra Bill Cosby foi anulado neste sábado (17), depois que o júri não alcançou um veredito por unanimidade sobre nenhuma das acusações contra o ator americano após mais de 50 horas de deliberações, mas o Ministério Público anunciou a abertura de um segundo processo.

O promotor do condado de Montgomery, Kevin Steele, que havia acusado o ator, indicou imediatamente que solicitará a abertura de um novo processo, como autoriza a lei. A anulação do julgamento é um revés para ele, uma vez que seus argumentos não convenceram a totalidade do júri.

Mas o fato representou uma vitória para o comediante, de 79 anos, acusado de abuso sexual contra Andrea Constand em 2004.

Cosby não fez comentários após o anúncio da anulação do processo. O artista, que se tornou uma celebridade ao protagonizar a série de TV "The Cosby Show" (1984-1992), corria o risco de ser condenado a 30 anos de prisão. Ele permanece em liberdade condicional, segundo o juiz Steven O'Neill.

A Justiça americana exige a unanimidade entre o júri para que se possa pronunciar um veredito.

Os juízes já haviam indicado, na última quinta-feira, que se encontravam em um impasse. O juiz havia pedido que dessem prosseguimento aos debates, porém mais de 20 horas de discussões suplementares não lhes permitiram alcançar um veredito unânime.

A espera do veredito elevou a tensão ontem em frente ao tribunal em Norristown, Filadélfia.

"Você é uma vergonha!", gritou uma mulher para Cosby, quando ele entrava no prédio.

"Cale a boca!", responderam fãs do ator, que o aguardavam perto da entrada para manifestar apoio.

O processo marcou a queda em desgraça de um ator venerado por gerações de americanos por seu papel como "Cliff Huxtable", um adorável pai e ginecologista na série The Cosby Show.

Mais de 60 mulheres apresentaram denúncias de abuso sexual contra Cosby, mas o caso de Andrea Constand era o único em que o crime não havia prescrito, do ponto de vista penal. No entanto, as ações em andamento na Justiça civil são numerosas.

Na ausência de testemunhas diretas ou elementos materiais de prova, todo o processo se concentrava no depoimento de seus dois protagonistas, Bill Cosby e Andrea Constand.

Segundo round 

O ator reconheceu que teve contato com a jovem na noite de janeiro de 2004, mas assinalou que se tratou de uma relação consensual. Também admitiu que deu a Andrea um sedativo, mas alegou que queria apenas que ela relaxasse, uma vez que havia dito que estava estressada.

A canadense, 44, massagista terapêutica em Toronto, apresentou incoerências em diversas declarações, destacadas com insistência pela defesa.

Os advogados de Cosby tentaram descrevê-la como uma pessoa calculista, sugerindo que a mesma teria ocultado a natureza de sua relação com o ator para tirar proveito da situação.

Fãs do ator expressaram aos gritos seu contentamento quando Cosby deixou o tribunal rumo a seu carro.

Seu porta-voz, Andrew Wyatt, atacou os advogados das supostas vítimas, que, segundo ele, querem obter vantagens de Cosby, e lhes sugeriu "voltar à faculdade de direito e retomar os estudos".

Ele citou Gloria Allred, que representa dezenas de supostas vítimas do ator americano. Presente ao julgamento, Gloria assinalou que Cosby não saiu do atoleiro. "Será feita justiça, O segundo round talvez esteja muito próximo", disse a advogada, após o anúncio da anulação do processo.

Ela pediu às supostas vítimas do ator que mantenham a esperança, e assinalou que aguardava que o juiz aceitasse que fossem citadas outras vítimas no segundo processo.

O promotor havia pedido que o julgamento citasse, além de Andrea Constand, 13 mulheres que dizem terem sido vítimas de Cosby, mas o juiz autorizou apenas o testemunho de uma delas, Kelly Johnson.

Para Victoria Valentino, 74, ex-modelo da revista "Playboy" que afirma ter sido violentada por Cosby em 1969, a acusação terá um desempenho melhor no próximo processo. "Aprenderam as artimanhas", assinalou.

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