AVISO DE SPOILER: O texto a seguir é um comentário sobre o último episódio da sétima temporada, com algumas especulações sobre a série.
O episódio que encerrou a sétima temporada de Game of Thrones (HBO), na noite deste domingo (26/8), retomou algumas características que marcaram a série em ciclos anteriores, tais como as conversas sobre alianças, rivalidades e disputas pelo poder. The Dragon and The Wolf foi anunciado com um vídeo que destacava o encontro de Jon Snow e Cersei Lannister, acompanhados por Tyrion e Jaime, respectivamente, e boa parte do episódio foi ocupado por esta parte da história. Mas isso até o momento em que os corvos conduziram a atenção do público para Muralha e, sem grandes delongas, o Rei da Noite apareceu com seu recém-conquistado dragão de gelo colocando a construção milenar abaixo para seu exército passar.
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Muita gente deve ter feito a mesma cara que Tormund nessa hora e a sequência foi um bom gancho para iniciar a longa espera pela última temporada da série. The Dragon and The Wolf foi o episódio mais longo de GoT até agora e, com isso, personagens foram recolocados em cena, somando conhecimentos para que questões do passado fossem trazidas à luz.
Exemplo disso foi o encontro entre Sam e Bran, agora Corvo de Três Olhos. O diálogo deles foi pontuado por certa informalidade, como no momento em que Bran explica que recebeu notícias por carta mesmo, e não por uma visão, mas trouxe informações importantes sobre a origem de Jon Snow. Era algo que o público já sabia há um certo tempo, mas que ainda não tinha sido retomado com mais clareza em conversas dos personagens.
Com o encontro, confirmou-se que Rhaegar Targaryen e Lyanna Stark fugiram para se casar, ou seja, que ele não a sequestrou e estuprou, versão que era contada na época da rebelião de Robert Baratheon. Enquanto a cerimônia era mostrada ao público por uma visão de Bran, depois que Sam falava sobre a anulação do casamento anterior e Rhaegar, Jon e Daenerys faziam sexo no navio. Como algumas pontas da história precisam ficar soltas para a próxima temporada, Tyrion é visto no corredor da embarcação com uma expressão enigmática.
Guerra dos Tronos
Tyrion, aliás, teve destaque neste episódio. Ele era um dos pontos de tensão na cena do encontro entre Jon e Cersei no Fosso dos Dragões para negociar uma trégua na guerra pelo Trono de Ferro. Antes de deixar o castelo, Cersei ordenou ao Montanha que, caso algo desse errado, ele deveria matar Daenerys, Tyrion e "o bastardo que se diz rei", nesta ordem.
Como o próprio Tyrion mesmo definiu, aquela era uma reunião de pessoas que não se gostam (ou que, ao menos, estavam na incômoda situação de se encontrar em lados opostos). Mas, como Jon completaria mais tarde, a ideia por trás daquela conversa não era viver em harmonia, mas simplesmente sobreviver, pois todos ali teriam que enfrentar a mesma situação.
Realmente, o clima não era nada amigável. Antes da negociação propriamente dita começar, foi citado o conflito entre os irmãos Clegane, mas não houve o duelo imaginado por parte do público. Além disso, Euron provocou Theon dizendo que mataria Yara, algo que também só teria consequências mais tarde. Com a chegada de Daenerys com seus dragões, o que parece ter impressionado Euron, o debate entre os reis teve início finalmente.
Cersei questionou se Daenerys enfrentaria mesmo a ameaça do Norte ou queria tempo para fortalecer seus próprios exércitos, mas pareceu convencida ao ver o morto-vivo que só não a atacou por estar preso a uma corrente. "Só uma guerra importa. A Grande Guerra e ela chegou", disse Jon.
Nessa hora, Euron disse que voltaria para as Ilhas de Ferro e aconselhou Daenerys a voltar para o lugar dela também. Mas o que pareceu colocar fim à possibilidade de acordo foi a negativa de Jon à proposta feita por Cersei, de que ele estendesse a trégua e voltasse para o Norte sem escolher lados. O que parecia ser algo usado para mostrar o posicionamento de Jon ao lado de Daenerys e reforçar características do personagem, além de destacar como Ned Stark ainda é uma presença forte na série, revelou-se algo mais complexo. Como era de se esperar vindo de alguém como Cersei...
Separadamente, a Rainha teve uma conversa com Tyrion e voltou ao Fosso dos Dragões dizendo que seguiria com Daenerys e Jon para a batalha Norte. Mais tarde, outra reviravolta: a personagem revelou a Jaime que toda aquela conversa não passava de um plano dela com Euron para reconquistar terras e contratar a Companhia Dourada enquanto os outros lutavam. A atitude dela quase consegue separá-los e Jaime, sentindo-se traído, deixa o castelo. Mas volta pouco tempo depois, ao ver os primeiros flocos de neve. Sim, como se a sequência da Muralha não fosse prova suficiente de a Grande Batalha chegou, a neve caiu em Porto Real.
Winterfell
Alianças, promessas, motivações pessoais e relações familiares também deram o tom da sequência de Winterfell, assim como o peso das escolhas pontuou a conversa entre Jon e Theon acerca das atitudes que este último tomou no passado. Além do fato de que Theon tomou coragem para salvar a irmã, algo que Jon disse nessa hora, sobre não precisar escolher entre ser um Greyjoy e um Stark pode indicar algo sobre como o próprio vai se enxergar no futuro, quando descobrir que é Targaryen e Stark.
Por falar em irmãos, a situação de Arya e Sansa ficou esclarecida com este episódio, sem que para isso fossem esquecidas as características de cada personagem e os papéis que desempenham para a trama no momento. Sansa soube usar contra o Lorde Baelish algo que o próprio tinha ensinado a ela para descobrir as intenções de alguém, um jogo no qual ele imagina a pior coisa que a pessoa poderia fazer e quais seriam as motivações. A Lady de Winterfell o acusou de assassinato e traição, somando o que sabia às revelações feitas por Bran, e Arya executou a sentença.
Sétima temporada
A sétima temporada de GoT chegou sob muita expectativa e, na estreia, a plataforma HBO Go não suportou a demanda e saiu do ar. A nova sequência de episódios era desafiadora para os showrunners David Benioff e D.B. Weiss. Rumo ao final, a série já ultrapassava o ponto em que a história estava nos livros de George R. R. Martin, que ainda trabalha na continuação de sua obra, e para isso contava com menos episódios do que de costume. Ou seja, havia menos tempo de tela para dar conta de um complexo universo formado por diversos personagens, isso para um público já acostumado a um certo nível de atenção aos detalhes.
A relação entre o número de episódios e a demanda financeira da produção foi assunto presente em diversas matérias sobre a série. Especialmente com citações aos gastos necessários para criar os enormes dragões de Daenerys e as sequências de batalha - e o público sabia que dois confrontos importantes se aproximavam, o de Cersei e Daenerys pela Guerra dos Tronos e a Grande Batalha contra o Rei da Noite.
Fora essas questões relacionadas à parte criativa, a HBO teve que lidar com invasão hacker e até mesmo uma exibição acidental de episódio antes da hora pelo braço da empresa na Espanha.
Ciente de que tem em mãos um dos maiores fenômenos da TV mundial da atualidade, enquanto prepara a oitava temporada de Game of Thrones, que será ainda mais curta, a HBO já trabalha com a possibilidade de lançar outra série relacionada ao universo de George R. R. Martin. Até o momento, sabe-se que cinco roteiros começaram a ser desenvolvidos, o que não quer dizer que todos os projetos sejam desenvolvidos.