ANOTAÇÕES

As melhores frases de Fernando Pessoa segundo José Paulo Cavalcanti

O escritor e advogado lança "Fernando Pessoa, o livro das citações" com textos do poeta português comentados pelo autor

Do JC Online
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Publicado em 15/09/2013 às 5:29
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O escritor e advogado lança "Fernando Pessoa, o livro das citações" com textos do poeta português comentados pelo autor - FOTO: Edmar Melo/JC Imagem
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Um poeta que se desdobrou em tantas personas e vertentes poéticas não é facilmente passível de resumo. O escritor e advogado José Paulo Cavalcanti Filho já tinha dado um grande mergulho na trajetória poética e biográfica de Fernando Pessoa no livro Fernando Pessoa, uma quase autobiografia, mas não era o bastante: havia e há tanto ainda do seu escritor favorito por falar e fazer que sua prazerosa obsessão não poderia parar por ali.

É das anotações que coleciona há muito tempo que o advogado pernambucano tirou a sua nova obra, Fernando Pessoa, o livro das citações (Record). Mais do que aforismos ou trechos mais célebres do português, José Paulo privilegia o seu trajeto por Pessoa – por meio dos versos de 127 heterônimos, textos menos conhecidos e até cartas a amigos. São, no total, 1,3 mil citações nas 256 páginas da obra.

O ato de anotar as frases começou como parte natural da sua constante leitura da produção do poeta português. “Comecei a guardar o texto, a origem, o heterônimo, o tema e a data de cada trecho que gostava para um uso futuro. Como não usei a maioria na biografia, elas ficaram como um outro objeto”, conta o escritor.

No livro de José Paulo, as notas de rodapé explicam a origem de termos e decifram referências. Para ele, “o leitor precisa sentir que quem faz a obra não é um leitor qualquer de Pessoa, mas sim alguém que entende dele”.

“Eu gosto das frases mais inesperadas dele, por exemplo: ‘Uma rua deserta não é uma rua onde não passa ninguém, mas uma rua onde os que passam, passam como se fosse deserta’. Ou: ‘Um barco parece ser um objeto cujo fim é navegar, mas o seu fim não é navegar senão chegar a um porto’”, lista.

Assim, o lirismo moderno do português se junta a reflexões metafísicas, confissões biográficas e, ainda, à fina ironia em temas como a escravidão e a política. “Ele morou na África do século 19, a escravatura era algo natural. Além disso, só tinha 15 anos quando falou aquilo. Falou mal de escravos, de Deus, de Nossa Senhora de Fátima, do comunismo, ficou do lado da Alemanha na Primeira Guerra. Ainda defendeu Salazar (ditador português), e mudou de lado depois”, conta o biógrafo.

As novidades sobre o poeta português não param por aqui. Na próxima semana, ele lança durante a Pauliceia Literária o audiobook de Fernando Pessoa, uma quase autobiografia (Universidade Falada). Além disso, a versão impressa da biografia ganha em breve a 7ª edição revisada e vai ser lançada em dezembro em Jerusalém e, em março, na Itália. “Estou acabando negociações com os Estados Unidos e com a Romênia”, antecipa.

O próximo projeto sobre o tema, ele anuncia, é uma série de TV. A ideia é filmar Lisboa a partir da perspectiva da obra e da vida de Fernando Pessoa, pensando os locais por onde ele passou e os principais temas da sua literatura. A coordenação vai ficar nas mãos do jornalista e humorista Marcelo Tas, convidado para dar um ar mais divertido e irreverente à atração.

Depois desse programa, José Paulo garante, os trabalhos relacionados a Fernando Pessoa estarão encerrados. Seu próximo livro, em processo de releitura até satisfazer o “ouvido absoluto” do seu autor, é uma seleção de contos baseados nas histórias que ouviu no seu escritório de advocacia. Ele alterou, é claro, nomes e contextos, mas a grande diferença é a de ser um projeto desvinculado da sua principal temática até agora. Mas ele explica a decisão: “Eu não quero ser um gigolô de Fernando Pessoa”.

Leia a matéria completa no Jornal do Commercio deste domingo (15/9).

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