O que chamamos hoje de Geração 65 na literatura pernambucana costumava circular pelos corredores da Livro 7: nada mais natural do que uma das principais livrarias do Brasil, à época, ter sido um dos locais privilegiados para uma cena de escritores. Tarcísio Pereira, o editor responsável pela utopia literária que era o espaço da Rua 7 de Setembro, viu esses autores se juntarem e reunirem entre as prateleiras muitas vezes. Ao começar a sua própria editora, o projeto que logo pensou foi o de juntar alguns dos companheiros de livraria. As duas primeiras obras da coleção Geração 65 têm lançamento amanhã, às 19h, na Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, que, neste ano, tem Tarcísio como um dos homenageados.
A coleção vai reunir antologias de boa parte dessas figuras – de nomes consagrados, com vários livros, como Marcus Accioly, até os que publicaram poucas obras, como Severino Silveira. Os dois primeiros volumes mostram um recorte da produção de dois dos mais destacados nomes do período: Ângelo Monteiro e José Mario Rodrigues.
O livro de José Mario, O sopro na ramagem, contou com seleção do próprio autor – uma das marcas do projeto, que, quando possível, vai pedir para os criadores escolherem um olhar sobre suas obras. “Foi até uma coincidência. José Mario estava lá na editora, conversando, é alguém com quem tenho muito contato. Ao ouvir do projeto, ele disse que ia adiantar a edição já de casa”, conta Tarcísio.
O canto da esfinge, antologia de Ângelo Monteiro, reúne versos selecionados pelo pesquisador Bernardo Souto – e as sugestões foram aprovadas depois pelo próprio poeta, que disse que “faria diferente”. “De fato, há na lírica de Ângelo Monteiro aquele alicerce filosófico sem o qual, para G. K. Chesterton, a poesia se torna oca”, escreve o crítico na apresentação do volume.