DEBATE

Rodrigo Garcia Lopes e Adriana Falcão participam da Fliporto

Os dois fazem parte da mesa sobre os truques para a criação, que ainda conta com o escritor Homero Fonseca

Do JC Online
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Publicado em 15/11/2014 às 5:55
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Os dois fazem parte da mesa sobre os truques para a criação, que ainda conta com o escritor Homero Fonseca - FOTO: NE10
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No poema História de mistério, o escritor, músico, tradutor paranaense Rodrigo Garcia Lopes cria sua receita en versos de uma trama. “Matar é uma arte, como tudo mais”, afirma. Sua estreia no romance aconteceu neste ano, com O trovador (Record). Escritor elogiado por Paulo Leminski, o autor é um dos convidados da primeira mesa de neste sábado (15/11), às 14h, da 10ª Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), em Olinda

Tradutor de obras de Walt Whitman, Sylvia Plath e Rimbaud, Rodrigo conta com cinco livros de poesia na bagagem: Solarium, Visibilia, Polivox, Nômada e Estúdio realidade. A partir de 2006, deparou-se com o desafio de escrever uma narrativa longa, unindo seu interesse pelos romances policiais e sua vontade de realizar uma grande pesquisa histórica sobre a Londrina dos anos 1930. O trovador é um romance cuidadoso, fruto dessa reconstrução delicada do passado e também da reprodução da estrutura clássica das tramas policiais. No enredo, o lord Lovat e o seu intérprete, Adam Blake, tentam resolver uma série de assassinatos que têm como pista uma poema medieval.

A ideia de escrever um romance policial veio da impressão que ele é o gênero narrativos mais próximo à poesia: a trama estabelece “um jogo (limpo) com o leitor, e do qual ele participa ativamente, junto com o detetive na complicação e solução do mistério”. “Gosto da equação de que o leitor está para o detetive assim como o autor está para o assassino”, revela Rodrigo.

Para ele, as histórias policiais não são um gênero menor. “Acredito que o gênero é riquíssimo, oferece muitas possibilidades. Nele cabe muita coisa, até mesmo humor. Com O trovador eu quis mostrar que o gênero permite levantar reflexões históricas e questões sociais, morais e de identidade, temas como corrupção, relações internacionais, colonialismo, propondo, ao mesmo tempo, uma reescrita da história”, aponta.

Por aqui, o editor da revista Coyote vem falar sobre os truques criados para se contar uma história. “No caso do romance policial, o truque principal é a narrativa de trás para frente, e o fato de que toda boa história de mistério conta duas histórias ao mesmo tempo, que correm paralelas mas em direções contrárias: a história do crime e a história da investigação”, comenta. 

HOMENAGEM
Na mesma mesa, estará a escritora e dramaturga Adriana Falcão, homenageada da Fliporto Galera e Galerinha deste ano (o braço infantojuvenil da programação literária). Dona de um texto bem-humorado, a carioca de coração recifense vai usar seus trabalhos na TV, no cinema e nos livros para falar da maneira como conduz suas narrativas e suas personagens.

No seu currículo, Adriana compila assinaturas de roteiros para séries de TV, como a recém encerrada A grande família; filmes, como Auto da Compadecida (que também foi seriado da Rede Globo); e literatura, como suas crônicas e o novo romance, Queria ver você feliz, livro no qual ela conta a delicada e trágica história de sua família (o pai de Adriana se suicidou e, depois, a mãe dela morreu por causa de uma overdose de remédios).

A escritora, aliás, volta a participar de uma mesa na Fliporto amanhã, às 16h30, junto ao pesquisador da obra de Ariano Suassuna, Carlos Newton Jr., e do poeta e escritor Bráulio Tavares. O trio vai debater as adaptações para teatro, televisão e cinema dos livros e peças do fundador do Movimento Armorial, homenageado da Fliporto.

“Meu deus, como eu tenho medo de falar sobre isso. Eu sou burra. Pernambucanos, atenção, Adriana diz que é burra”, brinca a escritora que, segundo ela, não é uma “pessoa teórica”, mas que vai usar da sua experiência no Auto da Compadecida para palestrar. “A primeira vez que vi Ariano no CAC (Centro de Artes e Comunicação, da UFPE), numa aula-espetáculo dele, saí pensando que não existe outro desse no mundo, outro pensamento, outra inteligência, maneira de ver as coisas. Eu fiquei muito impressionada com aquilo. Para mim, aquilo vale mais do que teoria”, diz Adriana, que adaptou a peça do escritor junto com o ex-marido, o diretor João Falcão, a pedido do amigo e também diretor Guel Arraes.

Adriana Falcão também aproveita a vinda a Pernambuco para lançar no Estado seu livro Queria ver você feliz. “Estou tão feliz com esse livro. Tenho a sensação de que foi a coisa mais importante que escrevi na minha vida”, comenta. “É uma história real, tão intensa e cheia de cirandas. Que talvez um roteirista não fizesse, pensando que não se ia acreditar. Um amor muito lindo e muito triste, que termina com ele (o pai de Adriana) se matando e ela (a mãe) morrendo de overdose. Ao mesmo tempo que é engraçado e leve. Tem um apelo muito claro.”

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