POESIA

Ex-BBB Adrilles lança livro elogiado por Olavo de Carvalho

Na Fenelivro, ele vem falar sobre os poemas de Antijogo, publicado pela Record

Do JC Online
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Publicado em 30/08/2015 às 5:40
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O ex-BBB e comentarista Adrilles Jorge - FOTO: Divulgação
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Ao saber que o escritor mineiro Adrilles Jorge era um dos participantes da 15ª edição do Big Brother Brasil, no início de 2015, um dos mais polêmicos autores brasileiros, Olavo de Carvalho, disparou no Twitter: “Um único poema do Adrilles que seja lido no BBB já será um benefício extraordinário para milhões de pessoas”. A frase surpreendeu muitos que conheciam o posicionamento do escritor conservador, que costumava criticar o programa, mas chamou atenção para os textos do participante. Meses depois da sua eliminação, Adrilles se prepara neste domingo (30) para lançar o seu primeiro livro de versos, Antijogo, dentro da Feira Nordestina do Livro (Fenelivro), no Centro de Convenções.

“Eu só tinha publicado em portais e no meu blog. Nunca dei muita importância ao mercado de livros, até porque a poesia é incipiente no Brasil. Publicar antes seria algo mais pelo simbolismo. De certa forma, entrei no BBB para ampliar a minha voz e dar alcance aos meus escritos. Era uma espécie de ‘contracultura pop’ o que eu estava fazendo”, comenta o autor ao JC.

O Recife recebe o lançamento de Antijogo antes mesmo da apresentação nacional da obra, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que começa quinta-feira (3). O Big Brother, para ele, não só foi uma forma de dar voz ao seu trabalho, mas também a chance de viver uma experiência que o escritor chama de “epopeia moderna”. “É um programa com uma estética pop adolescente, mas que funciona como uma dramaturgia moderna, um desnudamento do caráter dos participantes, em uma leitura semiótica”, defende. “Com minha pequena contribuição, queria quebrar essa dicotomia, levar para um local de apelo popular um pouco da tradição da poesia brasileira que me interessa.”

Além da tríade mais famosa – Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira –, ele destaca que, entre os poetas que mais admira, estão nomes como Fernando Pessoa, T. S. Elliot, Ezra Pound, Mallarmé e Baudelaire. “Fiquei muito feliz em saber que o lançamento do livro será na sala Alberto da Cunha Melo, que é um poeta sensacional que merecia ser mais conhecido no resto do País”, aponta.

A obra, Adrilles conta, é uma espécie de antologia, com versos de toda a sua vida – inclusive alguns criados na adolescência. “Um pouco como Fernando Pessoa, o livro tem vários personagens, vários momentos da minha poesia. É uma espécie de biografia de ideias”, indica. Para selecionar os textos de Antijogo ele buscou os mais de 300 poemas que tinha prontos. No fim, essa “irregularidade intencional” que ele criou é parte da sua tentativa de fazer na obra uma dialética socrática, uma defesa da complexidade da vida através do afeto, do medo, do pavor da morte e do lugar dos homens no mundo.

Se foi elogiado por Olavo de Carvalho, que afirma que ele funde nos poemas “o evidente e o oculto, o conhecido e o incognoscível”, Adrilles espera, com ansiedade, as respostas de leitores e críticos – ainda que saiba que a obra, agora, já não pertence apenas a ele. “Entendo a poesia não como a ciência, que dá uma resposta a um dilema: ela investiga quais são as melhores perguntas”, define.

O autor mineiro vive mais uma vez, depois do BBB, a experiência de dar a própria cara à tapa: “Só tenho a ganhar. Posso levar alguns tapas, mas também receber alguns afagos”.

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