No dia 23 de julho de 2014, o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna deixou no coração e na literatura dos brasileiros uma enorme lacuna. “Encantou-se”, como diz seu filho, o artista plástico Manuel Dantas Suassuna, parafraseando João Guimarães Rosa. Aos 87 anos, com a singularidade que ele tinha, o mestre entrou para a memória do seu povo como uma figura inesquecível e, agora, saudosa.
Neste domingo (24), no Sertão que Ariano tanto amava, os seus amigos, fãs e familiares relembram o escritor com uma missa especial. A Missa de Encantamento de Ariano Suassuna, o Imperador da Pedra do Reino, como foi batizada a cerimônia, acontece em São José do Belmonte, às 9h, em frente à Ilumiara Pedra do Reino, símbolo da cidade que deu nome ao romance suassuniano publicado em 1971.
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“Essa é a segunda Missa de Encantamento. A primeira foi realizada no ano passado, no mesmo lugar”, conta Dantas. “Papai tinha demonstrado desejo de que quando se encantasse, seu corpo ficasse na Pedra do Reino. Ali é a divisa entra Pernambuco e Paraíba (respectivamente, o Estado onde o escritor viveu e o Estado onde ele nasceu).”
À época da morte do escritor, a família dele não conseguiu realizar o desejo. “Estávamos tão atordoados, que não lembramos”, explica o filho. “Então, resolvi com Valdir Nogueira (secretário de Cultura de São José do Belmonte) de fazer essa missa lá, todo ano.”
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Em 2015, além da cerimônia eucarística, houve a participação da cantora Isaar, que fez parte da equipe de Ariano Suassuna durante as aulas-espetáculo que o escritor realizou como secretário de Cultura de Pernambuco. Para este ano, conta Valdir Nogueira, a homenagem a Ariano será feita pelo Padre Luizinho, “padre poeta e cantor”, que realiza a liturgia em versos.
CERIMÔNIA
A cerimônia de homenagem a Ariano Suassuna começa às 6h, em frente à Igreja Matriz de São José do Belmonte, com uma concentração de pessoas que seguirão em cavalgada até a Pedra do Reino.
Ariano Suassuna morreu no dia 23 de julho, no Recife. Ele estava internado havia três dias internado no Real Hospital Português, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. Passou por cirurgia para a colocação de dois drenos. Ficou em coma e passou a respirar com a ajuda de aparelhos, quando acabou morrendo com uma parada cardíaca.