VERSOS

Miró da Muribeca relança coletânea de poemas

O volume Miró Até Agora traz poemas feitos pelo autor entre1985 e 2012

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 17/08/2016 às 5:24
Alexandre Gondim/JC Imagem
O volume Miró Até Agora traz poemas feitos pelo autor entre1985 e 2012 - FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Talvez nenhum título pudesse ser tão sugestivo quanto o da coletânea da poemas Miró Até Agora. O nome sinaliza bem: não há um Miró estanque, um Miró acabado. Ele é até agora, ele é até aqui. Se já achou que a morte o encontraria sozinho, no meio da Muribeca abandonada, o escritor sabe: há um até agora, há um hoje e há também os amanhãs.

Editado originalmente por Sennor Ramos, do Interpoética, o volume é lançado na quinta (18) em um segunda edição revista pela Cepe Editora. No prefácio, o editor e poeta Wellington de Melo, que publicou os dois últimos livros inéditos de Miró da Muribeca, conta que Miró Até Agora teve pequenas correções e mudanças – algumas na grafia, outras na organização de versos e estrofes. A noite de autógrafos acontece às 19h, no Teatro Mamulengo, na Praça do Arsenal.

Se Miró tem renovado a força da sua poesia nos seus dois últimos lançamentos, aDeus e O Penúltimo Olhar Sobre as Coisas, ambos da Mariposa Cartonera, o volume é uma chance de passear pela poética dele. De forma nada casual, começa pela obra mais recente dos incluídos, dizCrição, de 2012, e vai voltando no tempo progressivamente. Estão lá versos de Quase Crônico (2010), Tu Tás Aonde? (2007), Onde Estará Norma? (2006), Pra Não Dizer Que Não Falei de Flúor (2004), Poemas para Sentir Tesão ou Não (2002), Quebra a Direita, Segue a Esquerda e Vai em Frente (1999), Flagrante Deleito (1998), Ilusão de Ética (1995), São Paulo É Fogo (1987) e Quem Descobriu o Azul Anil? (1985).

Há os momentos de Miró em São Paulo, uma metrópole que o fascina e repele, por sua imensidão e frieza: “tudo aqui é muito grande/ daí ficamos pequenos/ rascunhos de gente/ fiapos que a Fiesp esquece”. E se Miró é um poeta da voz e da carne também – um declamador, uma parte viva das esquinas do Recife – o livro nos lembra que a sua poesia é mais do que trocadilhos e momentos sagazes. No belo Confesso Que Vivi Meio Século, Miró repassa sua vida até completar 50 anos: “venho assim desde 1960/ tentando carregar na sacola/ sempre um pouco de riso/ tenho meus pecados como todos/ mas nunca matei uma lagartixa”. Miró Até Agora é o resgate novamente essencial da poesia espaçada do poeta pernambucano; é a condensação em páginas do lirismo e da urgência das palavras de Miró a partir do poeta que ele foi e que, felizmente, ainda será .

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