Duas mudanças promovidas pela organização da Bienal Internacional do Livro de São Paulo geraram efeitos agradáveis para quem visitou a feira neste fim de semana: os corredores se alargaram, deixando a circulação mais saudável, e as senhas distribuídas previamente para os autógrafos dos autores que participam da programação oficial evitam confusões e gritarias descontroladas, como ocorreu na última edição em 2014.
Segundo a organização, os corredores menores passaram de 3 para 5 metros, e o mais largos, de 5 para 10 metros - se o conforto obviamente é maior, a impressão entre profissionais do livro consultados pela reportagem é a de que há menos gente circulando entre os estandes. A Bienal do Livro de São Paulo não divulga os dados parciais do número de visitantes, mas estima um público total de 700 mil pessoas até o próximo dia 4 de setembro. Os ingressos custam R$ 20 (segunda a quinta-feira), e R$25 (sábado a domingo), e podem ser comprados na bilheteria do Anhembi e pelo site do evento na web.
Nesta 24ª edição, são 280 editoras espalhadas pelos 75 mil metros quadrados da Arena Anhembi utilizados pela Bienal, com amplas áreas de praça de alimentação. De acordo com a organização, são 1,3 mil horas de programação, entre palestras, debates, sessões de autógrafos e apresentações.
Na tarde deste domingo, 28, quem arrebanhou o maior número de fãs foi a escritora americana Ava Dellaira, cujo Cartas de Amor aos Mortos foi lançado pelo selo Seguinte, da Companhia das Letras, em 2014. O livro é um apanhado de cartas em que a personagem principal escreve para personalidades mortas - Kurt Cobain, Elizabeth Bishop, Amy Winehouse - e reflete sobre as condições em que elas morreram como uma forma de pensar o próprio luto, já que a morte de sua irmã mais velha é um evento recente.
"Escrever sobre isso, e também sobre abusos sexuais, foi muito difícil, me fez encarar coisas que não esperava encarar. Mas são assuntos que precisam ser discutidos", disse - mais de uma jovem leitora da plateia disse que o livro a ajudou a passar por algum momento difícil.
Mais cedo, a irlandesa Marian Keyes - autora do megassucesso Melancia, que a Bertrand está relançando em edição especial, bem como do novo livro de receitas Salva Pelos Bolos - também emocionou a plateia com suas opiniões sobre as relações de gênero, a posição das mulheres e o chamado "chick-lit" - literatura dedicada a leitoras mulheres, mas que, na opinião da autora, trata de temas tão importantes quanto qualquer outro tipo de ficção.
Em parceria com as editoras, a Bienal distribuiu, pela web, em média, 500 senhas para autógrafos dos autores que participam da Arena Cultural BNDES, o maior espaço da Bienal. Praticamente todas as sessões de autógrafos, até o fim da semana, estão esgotadas, mas já se pode dizer que a experiência foi bem sucedida: a quantidade de fãs ainda é grande na fila, e as sessões se arrastam por horas e horas, mas não há confusão e gritaria, como ocorreu na edição de 2014, especialmente, naquela ocasião, com a autora de fantasia Cassandra Claire.
Ainda neste domingo, a cantora e autora Fernanda Takai também lançou na Bienal O Cabelo da Menina, livro multimídia feito em parceria com o Itaú - para ler, e ouvir a canção que ela compôs para o livro, o usuário deve abrir a página do banco no aplicativo do Facebook para tablets ou smartphones. Esse é o terceiro de uma série que começou com Marcelo Rubens Paiva e Luis Fernando Verissimo, ambos colunistas do jornal O Estado de S. Paulo.