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Paulo Costa lança novo romance no Recife

O autor publicou A Prata das Pétalas pela editora Jovens Escribas, que também lança obras de Patrício Jr. e Carlos Fialho

JC Online
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Publicado em 15/12/2016 às 6:39
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O autor publicou A Prata das Pétalas pela editora Jovens Escribas, que também lança obras de Patrício Jr. e Carlos Fialho - FOTO: Facebook/Reprodução
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Ao passar pelas portas e janelas fechadas das casas abandonadas do Bairro do Recife, o escritor e publicitário carioca radicado em Pernambuco Paulo Costa sempre ouviu sussurros. Era como se soubesse que a região antiga da capital fosse o palco de muitas histórias ainda não contadas. Foi um pouco dessa sensação que nasceu o novo romance dele, A Prata das Pétalas (Jovens Escribas). Afinal, a obra traz o bairro em seu passado e presente, como um cenário-personagem, através da narrativa de uma moradora de rua. O lançamento acontece quinta (15/12), a partir das 19h, no Bar Barbosa.

Além da obra de Paulo, a Jovens Escribas vai apresentar no evento outros dois títulos. Absoluta Urgência do Agora, de Patrício Jr., que também mora no Recife, traz uma discussão de relacionamento unilateral, com um protagonista que reconta sua história com o ex. Já em A Noite Que Nunca Acaba, Carlos Fialho traz os contos fantásticos do autor que se passam numa cidade de Natal tomada, por exemplo, de zumbis ou assassinos em série. 

A Prata das Pétalas conta a história de Maria da Prata, uma moradora de rua e guardadora de carros no Bairro do Recife que diz já ter sido uma prostituta disputada dos tempos de cabaré da região. “Sou um carioca de nascença apaixonado por Pernambuco. O Bairro do Recife sempre chamou minha atenção. No final dos anos 1970, eu ia tomar cerveja nas zonas de lá quando saía do colégio – a gente ia beber, não transar”, explica Paulo. “Então, uma amiga minha do Rio de Janeiro falava de uma flanelinha de perto do trabalho dela que contava muitas histórias mirabolantes. E disse um dia que tinha sido uma grande prostituta, cobiçada por marinheiros de todo o mundo. Juntei o cenário do Bairro do Recife com essa imagem.”

O passado de prostituta de luxo da personagem, uma espécie de “rainha do Chanteclair”, é uma forma de Paulo levar o seu romance para o Bairro do Recife em dois momentos: a decadência nos anos 1970 e o ponto central das empresas de tecnologia da informação hoje. Além disso, a dúvida sobre o que ela viveu faz que a narrativa fique “na linha tênue entre verdade e invenção”. “A narrativa sugere mais do que revela propriamente. Tudo é meio que talvez nela”, define Paulo.

REALIDADE

O livro traz algumas “vinhetas de realidade”, compostas de depoimentos de artistas e jornalistas amigos do autor. O maestro Spok, Lírio Ferreira, Lívia Falcão e Mônica Feijó são alguns dos que falam sobre as suas impressões do Bairro do Recife. “Não sei se era melhor, mas com certeza era mais verdadeiro”, diz o cenógrafo Walther Holmes, comparando presente e passado. “Não sinto tristeza com o bairro atualmente. Acho que os tempos atuais não comportam mais os cabarés. Fiz um resgate histórico, e os personagens têm esse lado melancólico. Quis falar dos cabarés porque ninguém quer falar sobre eles, ninguém quer lembrar que os avôs dos políticos e dos ricos iam para lá sempre”, conta Paulo .

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