Responsável por uma das obras mais fundamentais da intelectualidade do Brasil, o crítico literário e sociólogo Antonio Candido morreu nesta sexta (12), aos 98 anos. O literato estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, com problemas de intestino.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o filósofo Adauto Novaes, amigo de Candido, contou que o colega mantinha a lucidez em seus últimos dias. “Estava muito lúcido, era incrível. A gente conversava sempre. De repente isso aconteceu. A gente perdeu mais do que um amigo, mas o espírito de um tempo. Ele atravessou vários momentos da história, mesmo os sombrios, sem perder nenhum sentido dos valores, de todo o julgamento das coisas. Era de uma sutileza incrível. A dificuldade das coisas que ele escrevia estava nessa simplicidade. Discutia tudo o que estava acontecendo no País. Nunca perdia o fio da história. Ele seguiu o curso do tempo, em todos os momentos do pensamento."
LEGADO
Nascido no Rio de Janeiro, Antonio Candido é autor de Formação da Literatura Brasileira (1959) e Literatura e Sociedade (1965), entre muitos outros. Formação da Literatura Brasileira é considerado como importante chave para compreensão do Brasil, da mesma importância dos trabalhos de Gilberto Freyre, de Sérgio Buarque de Holanda (autor de Raízes do Brasil) e de Caio Prado Júnior (que escreveu Formação do Brasil Contemporâneo). Seus escritos formaram um novo olhar sobre a literatura e a cultura do País.