"Tudo estava bem". Essas foram as últimas palavras escritas por J.K. Rowling em Harry Potter e as Relíquias da Morte, o livro que encerra a aclamada saga do bruxo da Grifinória. Mas o que é estar bem, afinal? O que significa ter uma "vida boa"? Em 2008, a consagrada autora de literatura infantojuvenil deixou esse ponto de interrogação no ar, quando fez alguns questionamentos profundos e um tanto quanto provocadores aos jovens formandos de Harvard, levantando questões como o fracasso, as dificuldades, a imaginação e a inspiração, em seu discurso como paraninfa. Suas sábias palavras, mais uma vez, iluminaram diversas pessoas. E agora que podem ser lidas devem inspirar incontáveis outras mais. Elas foram perpetuadas no livro Vidas Muito Boas - As Vantagens do Fracasso e a Importância da Imaginação, lançado em português neste mês pela Editora Rocco.
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Durante seu discurso, no qual faz indagações sobre "como podemos aproveitar o fracasso?" e "como podemos usar nossa imaginação para melhorar a nós e os outros?", J.K. afirma que "ter a coragem de fracassar é tão fundamental para uma vida boa quanto qualquer medida convencional de sucesso". O que algumas pessoas podem estar se perguntando é o que poderia levar a escritora mais rica do mundo - segundo levantamento recente da Forbes - a falar sobre o fracasso? Simplesmente pelo fato de que se ela não tivesse fracassado em outros aspectos de sua vida, o universo de Harry Potter nunca teria existido e conquistado uma legião de fãs no mundo inteiro. "O fracasso me ensinou coisas sobre mim mesma que eu não poderia ter aprendido de outra forma. Descobri que tinha uma força de vontade e mais disciplina do que imaginava", proferiu a autora, que se viu desempregada, mãe solteira e pobre apenas sete anos após a sua formatura em língua francesa, curso que fez por pressão dos pais.
Sem perspectiva, o fundo do poço tornou-se a base sólida sobre a qual a autora reconstruiu sua vida."Eu ainda estava viva, ainda tinha uma filha que adorava, uma velha máquina de escrever e uma grande ideia", disse, em seu discurso, falando sobre o momento em que resolveu apostar no que amava de verdade: escrever. "Parei de fingir para mim mesma que eu era qualquer outra coisa além do que realmente era". Foi aí que tudo mudou para ela. E nunca é tarde para mudar. Mas engana-se quem pensa que a mudança é algo fácil. A Pedra Filosofal foi rejeitado por várias editoras, mas J.K. não desistiu e conseguiu encontrar um agente que acreditou em seu potencial. É por essas e outras que este livro é tão relevante hoje como foram as palavras dela nove anos atrás, sobretudo para aqueles que estão em um momento de virada na vida.
Projeto gráfico
O livro, além de nos brindar com importantes questões da vida sob a ótica perspicaz da criadora de Hogwarts, traz um projeto gráfico com delicadas ilustrações, criadas por Joel Holland, que traduzem as palavras inspiradoras da escritora com leveza e sensibilidade. Visando reduzir a mortalidade infantil e dar suporte a crianças carentes, toda a renda proveniente desses livros será doada aos projetos da instituição filantrópica criada pela autora, a Lumos Foundation. Após 20 anos de A Pedra Filosofal, J.K. Rowling continua fazendo mágica, mostrando que não precisamos de magia para transformar o mundo, pois, como ela mesma diz, "todos já temos dentro de nós o poder de que precisamos: o de imaginar melhor".