NA JUSTIÇA

Francês ligado à Academia do Nobel será julgado por estupro na Suécia

Marido da poetisa e ensaísta sueca Katarina Frostenson, integrante da Academia Sueca, ele é acusado de ter estuprado uma mulher

Da AFP Gaël Branchereau
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Da AFP
Gaël Branchereau
Publicado em 12/06/2018 às 19:27
Foto: AFP/Reprodução
Marido da poetisa e ensaísta sueca Katarina Frostenson, integrante da Academia Sueca, ele é acusado de ter estuprado uma mulher - FOTO: Foto: AFP/Reprodução
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A Procuradoria de Estocolmo anunciou nesta terça-feira (12) que julgará por estupro o francês Jean-Claude Arnault, esposo de uma integrante da Academia Sueca, instância que atribui o Prêmio Nobel de Literatura, envolvido em um escândalo que sacudiu a famosa instituição sueca.

Marido da poetisa e ensaísta sueca Katarina Frostenson, integrante da Academia do Nobel até sua renúncia em 12 de abril de 2018, Jean-Claude Arnault, de 71 anos, é acusado de ter estuprado uma mulher em Estocolmo em duas ocasiões em 2011.

Arnault nega as acusações, mas a Procuradoria afirma dispor de elementos suficientes para levar o caso adiante.

"Os elementos de prova neste expediente são sólidos e suficientes para uma acusação formal", o que levará a um julgamento, disse à AFP a procuradora Christina Voigt, que evocou depoimentos indiretos que corroboram as declarações da vítima.

A data do julgamento não foi fixada.

Segundo a ata consultada pela AFP, Arnault obrigou a sua denunciante, afundada em um estado "de medo intenso", a ter uma relação oral e vaginal em uma localidade de Estocolmo em 5 de outubro de 2011, e de estuprá-la novamente na noite de 2 de dezembro, quando dormia.

ACUSAÇÕES

Jean-Claude Arnault tem sido acusado de assédio sexual por várias mulheres, que sustentam que o fazia aproveitando a sua influência e notoriedade na vida cultural sueca.

Em novembro de 2017, o jornal sueco Dagens Nyheter publicou um relatório no qual 18 mulheres afirmavam ter sofrido violências, ou assédio sexual, por parte de Arnault.

A advogada da vítima envio um e-mail à AFP dizendo que sua cliente estava "aliviada e satisfeita" por seu suposto agressor ser julgado.

"Minha cliente foi profundamente afetada por essas ações, foi ofendida e humilhada de uma forma grave", escreveu a advogada Elisabeth Massi Fritz.

Contactado pela AFP, o advogado de Arnault, Björn Hurtig, por enquanto não fez comentários.

Suspeito de ter molestado acadêmicas, ou mulheres e filhas de acadêmicos, mas também de ter "vazado" o nome de vários premiados do Nobel, Arnault recebeu milhares de euros em subvenções da Academia nos últimos anos.

O Dagens Nyheter espera que o julgamento retire o véu sobre a "cultura do silêncio" que durante anos protegeu o acusado. "Uma parte da Academia sueca se esforçou ativamente para ocultar esses feitos e se esquivar da justiça", escreveu.

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