“Um show daqueles de fazer fã ficar emocionado!” Isso é o que promete BNegão, que divide os vocais com Marcelo D2 no Planet Hemp. O grupo carioca se apresenta hoje à noite no Chevrolet Hall, em Olinda, depois de dez anos longe dos palcos. Legalize já, Fazendo a cabeça, Queimando tudo, Nêga do cabelo duro, Mary Jane, Dig dig dig são alguns dos muitos (e polêmicos) hits dos rapazes que defendem abertamente o consumo e a legalização da maconha. O DJ Gordoxzz toca antes do show.
“A parada começou depois que fomos convidados para fazer um show em homenagem aos 30 anos do Circo Voador. Foi tão bom que virou turnê. A mesma coisa aconteceu com o Barão Vermelho: o pessoal do Circo os chamou para apenas uma apresentação e eles resolveram fazer uma coisa maior. O Circo Voador sempre foi a casa da galera”, fala BNegão, a respeito da casa de shows carioca.
Por pouco, BNegão não ficava fora da reunião do Planet. “Os caras me chamaram, mas eu não quis aceitar porque fiquei com receio de atrapalhar o lançamento do disco novo da minha banda, Seletores de Frequência. Mas a parada atrasou, falei com os colegas do grupo e deu pra encarar a volta numa boa”.
Iniciada em setembro, no Rio de Janeiro, a turnê do Planet Hemp tem lotado todos os lugares por onde passa e empolgado seus antigos e novos fãs, que pareciam estar ansiosos para imergir na atmosfera vibrante e catártica da música e das apresentações do grupo. Algo praticamente inexistente na atual cena mainstream do pop rock nacional, domesticado pela presença de bandas como NX Zero e Fresno. “No primeiro acorde do primeiro ensaio, já rolou toda aquela parada, aquela energia que a gente sentia quando estávamos juntos”, revela BNegão.
Completam a formação, Pedrinho (bateria), Formigão (baixo) e Rafael Crespo (guitarra). Com exceção de Pedrinho (que entrou no lugar de Bacalhau, hoje tocando no Autoramas), essa é quase a composição mais famosa da banda. O cantor Black Alien não participa dessa volta.
A ex-quadrilha da fumaça carioca surgiu em 1993 e se notabilizou pelo som energético que mistura elementos do rock, punk, hardcore, funk, ragga e hip hop. Sem falar nas letras e discursos explicitamente a favor do consumo e legalização da maconha. Uma militância que já rendeu até prisão à banda. Após um show em Brasília, o grupo passou quatro dias na cadeia por ser acusado de apologia ao uso de entorpecentes.
“Acho que a gente exerceu um papel importante na discussão sobre a maconha. Hoje tem mais pessoas influentes falando abertamente sobre isso (entre elas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso). Tiramos o assunto do porão e trouxemos para a sala de jantar (risos)”, analisa BNegão.
Leia mais no Caderno C deste sábado (10).