A mais celebrada e cultuada banda de punk rock hardcore de Pernambuco lança, amanhã, no Bar Burburinho, no Bairro do Recife, seu oitavo disco. Póstumos foi produzido e gravado inteiramente pelo trio Cannibal (vocal e baixo), Celo Brown (bateria) e Neilton Carvalho (guitarra) no estúdio e “laboratório” Altovolts, na Bomba do Hemetério, e residência do guitarrista.
Para Cannibal, musicalmente o CD é “a cara do primeiro”, mas enriquecido pela experiência de quase 25 anos do grupo. “Acontece que a grande maioria das músicas são da época do primeiro disco (Agora tá valendo, de 1997), mas que nunca foram gravadas. Orixás é a única nova”, explica.
O baixista e vocalista diz que a banda nunca para de compor, o que a faz ter muito material para lançar. “É por isso que o nome do disco é Póstumos. São músicas que estavam quase esquecidas, quase mortas”, brinca Cannibal.
Inicialmente, o álbum foi prensado e distribuído na Europa pelo selo francês Mass Prod, especializado em punk rock e hardcore. O show de lançamento aconteceu em julho deste ano, festival Viva Le PunK em Callac, região da Bretanha, França.
No Brasil, Póstumos tem a distribuição do selo Red Star pertencente ao baixista Jefferson, da Olho Seco – banda paulista de hardcore criada nos anos 1980 e uma das pioneiras do gênero no País. Devotos está na espera pela vinda dos discos ao Recife. Talvez eles não cheguem a tempo para o show deste sábado. Mas os fãs que quiserem adquirir o CD não ficarão sem opção. O trio colocará à venda cópias francesas do CD. “Apesar de serem importados, vamos fazer um preço legal pra galera”, adianta Cannibal.
As tintas da contestação, da crítica ao “sistema” capitalista, estão bem carregadas em Póstumos. Apesar de terem sido compostas há quase duas décadas, muitas músicas do disco ficaram ainda mais conectadas com a realidade atual. É o caso da já citada A morte do Messias, que trata da manipulação de mentes proporcionadas por determinadas seitas cristãs que tem proliferado no Brasil nos últimos anos. O enriquecimento dos seus líderes também é tratada na letra. Alienação segue na mesma linha.
O egocentrismo das elites brasileiras e o poder destrutivo das drogas também são alvos da fúria crítica do Devotos. Orixás, a nova, começa como reggae e se transforma em hardcore. E, como o título, sugere fala sobre divindades presentes em cultos afro-brasileiros.
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