Depois de uma crise interna que culminou no afastamento do maestro Osman Gioia da regência da Orquestra Sinfônica do Recife (OSR), no mês passado, o prefeito Geraldo Júlio e a secretária de Cultura Leda Alves reuniram na noite de terça (18), no Teatro de Santa Isabel, a imprensa e parte dos músicos do conjunto para anunciar seu novo titular. A tarefa de reestruturar a orquestra ficará a cargo do maestro recifense Marlos Nobre, de 74 anos, regente e compositor com reconhecimento internacional. Por enquanto, pela disponibilidade de Nobre, o cargo tem caráter temporário.
Com discursos otimistas e afáveis, a secretária e o prefeito se mostraram satisfeitos com a vinda do maestro, radicado no Rio de Janeiro, para o comando da OSR. “Convidamos Marlos por sua competência e experiência sem igual. Ele vai nos ajudar a diagnosticar os problemas da OSR e trazer soluções”, anunciou Leda Alves. Para o prefeito Geraldo Júlio, apontado por Leda como um “grande entusiasta da OSR”, o objetivo de agora é recolocar o conjunto em um patamar elevado de reconhecimento. “Houve várias dificuldades nos últimos tempos, mas está na hora de driblá-las. Sabendo da história de Nobre, é uma honra contar com ele nesse momento delicado”, afirmou o gestor.
Marlos Nobre, que diz ter sempre nutrido uma relação de admiração pela OSR – ainda que a distância –, prometeu não descansar na nova empreitada. “Com o amor que temos pela música, vamos fazer uma nova orquestra. Esse matrimônio artístico será muito importante para o Recife. Como todo relacionamento, tem suas arestas, mas vamos podá-las”, adiantou o maestro.
Ovacionado mas cobrado pelos músicos presentes, Nobre afirmou que uma das principais preocupações de sua gestão será o já exaustivamente prometido Plano de Cargos e Carreira dos músicos. “O prefeito já está ciente de que, sem isso, não podemos seguir. Precisamos consertar a administração da OSR, com uma gestão de clareza e confiança. Além da ausência de um plano de carreira, precisamos sanar a falta de instrumentos e de materiais básicos”.
Sobre os músicos que encaram o cargo na OSR como algo secundário, e que chegam a faltar ensaios e mesmo concertos sem justificativa, Nobre foi incisivo: “Vamos lutar por um salário respeitável, mas eles, ainda que não sejam exclusivos da orquestra, deverão ter dedicação absoluta. A OSR voltará a ser um elemento vivo na cidade”, concluiu o novo regente.