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Thiago Soares lança livro 'A estética do videoclipe'

Livro é resultado de pesquisa para tese do doutorado, analisando a importância e mudanças ocorridas no formato

Renato L
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Publicado em 11/08/2014 às 5:30
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Três décadas após os zumbis de Thriller colocarem o mundo para dançar diante das telas de televisão, o formato videoclipe permanece como um veículo fundamental para expressar (e divulgar) a criação de músicos, cineastas e, nesses tempos digitais, fãs. A fascinante trajetória desse produto midiático, que começa, na verdade, bem antes de Michael Jackson, é o tema do livro que o professor Thiago Soares, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)  lança nesta segunda-feira, às 19h, na Livraria Cultura do Paço Alfândega. Produto de uma pesquisa de doutorado que se estendeu por quatro anos e o levou a visitas aos acervos do Museum of Modern Art e do Museum of Moving Image, ambos de Nova Iorque, A estética do videoclipe usa clássicos audiovisuais como Bohemian rapsody (Queen) e Justify my love (Madonna) para discutir questões ligadas à trajetória do seu material de estudo.

Imune à crise da indústria da música e com um passado respeitável, o videoclipe, ainda assim, permanece pouco estudado na academia. Um dos objetivos de Thiago Soares é, justamente, suprir essa ausência de pesquisas. Fã de cultura pop desde a adolescência, ele estranhou a relativa indiferença diante de um gênero com uma carga expressiva tão significativa. “Eu percebi que se estudava muito o cinema e a TV mais experimental, mas o clipe era tratado como algo menor, apesar de sua força mimética e de fazer parte do imaginário popular. Procurava algo nesse sentido e não encontrava”, afirmou ao JC. Esse ar de desprezo se torna mais incompreensível diante de um percurso cujas origens o livro mapeia nas experiências sonoras iniciais do cinema e que, na década de 60, como prova o vídeo de Don’t look back, de Bob Dylan, já exibe parte dos contornos atuais.

Descontente com esse estado de coisas, Thiago Soares foi à luta. Suas investigações, desenvolvidas entre 2005 e 2009, coincidiram com um período de intensa transformação, marcado pela decadência da MTV, emissora americana que massificou o formato, e a ascensão dos circuitos digitais de produção e distribuição de conteúdo. Enquanto as grandes gravadoras e outros dinossauros lutam, hoje, desesperadamente pela sobrevivência, o videoclipe exibe uma saúde invejável. “A força do clipe é que ele é um artefato que não está atrelado completamente à indústria fonográfica e não é feito para gerar lucro. A gente não pode esquecer que o mundo das gravadoras não cobre todo o mercado. Grande parte das trocas simbólicas e econômicas se dá por outros canais e o clipe se adaptou maravilhosamente ao mundo digital”, afirma.

A estética do videoclipe reserva um capítulo inteiro para discutir a produção pernambucana pós-manguebeat. Centrada no clipe Deixe-se acreditar, do Mombojó, a análise destaca uma série de continuidades sintetizada em conceitos como o de “brodagem”, o trabalho informal de amigos que configura quase um modelo de produção. Mas Thiago Soares não esquece de demarcar, também, as diferenças entre os dois momentos: os clipes, por exemplo, agora circulam online e mais importante do que garantir espaço na MTV, é ser “viral”.

A nostalgia do videoclipe está no centro do debate sobre videoclipes históricos intitulado Videoclipe e memória afetiva na cultura pop que acompanha o lançamento de A estética do videoclipe na noite desta segunda. Participam da mesa os jornalistas Schneider Carpeggiani, comentando o clipe Like a prayer, de Madonna, Talles Colatino, que analisa Criminal, de Fiona Apple, e de Fabiana Moraes, com o clipe Losing my religion, do REM. Além do próprio Thiago Soares, que discorre sobre Nothing compares 2U, da cantora irlandes Sinead O’Connor.

 

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