O Recife, conta a cantora, poeta e atriz paulista Bruna Caram em um de seus versos, é uma “Terra salgada,/ gente doce/ Não é minha casa./ Mas é como se fosse.” Desde uma viagem a Pernambuco na adolescência, há mais de 10 anos, a multiartista se apaixonou pela cidade através dos amigos que fez de imediato e do Carnaval pulsante. Neste sábado (4/7), depois de muitos pedidos de fãs, ela chega aqui para fazer o lançamento do livro Pequena Poesia Passional e um show especial na Livraria Cultura do RioMar Shopping, a partir das 19h.
Conhecida por sua trajetória na música – além de participar de grupos desde criança, ela tem três discos na bagagem: Essa Menina, Feriado Pessoal e Será Bem-Vindo Qualquer Sorriso –, Bruna vem à sua “cidade amada” para mostrar o seu trabalho na escrita, uma faceta revelada mais recentemente. “Eu sempre escrevi, desde menina. Tenho cadernos e cadernos de textos, feitos sem compromisso algum. Eu estava muito afastada da poesia, mas, ano passado, comecei a escrever versos curtos, que coubessem num quadradinho de foto do Instagram”, conta.
Era só um projeto despretensioso, mas os fãs a cobraram para reunir os versos em livro. Assim, ela criou Pequena Poesia Passional, que se tornou mote para um novo show. No lançamento, Bruna vai mostrar a união entre músicas e declamações, acompanhada de Ivan Teixeira. “O repertório tem algumas das canções mais conhecidas dos meus três discos e músicas de Tim Maia, Vinicius de Moraes, Chico Buarque e Gonzaguinha”, adianta. No palco, ela canta o amor em suas mais diversas formas. “Sigo uma espécie de cronologia, desde o amor de mãe até o amor fraternal, o romântico, o carnal”, explica.
O Recife será sempre para ela especial. Ainda adolescente, Bruna veio para o Carnaval com apenas dois números de conhecidos no bolso. “Nunca me senti tão bem recebida. Fiz amizades em todos os cantos que eu ia. Vi a folia do Carnaval, uma festa tão linda, democrática, gratuita. Sabia da cultura popular, mas ver maracatu, maracatu rural, frevo, marchinhas e shows abertos foi impressionante”, lembra com entusiasmo. “Eu descobri uma outra potência aqui. É minha cidade adotiva, não tem mais volta.”
NA TV
A vinda para o Recife acontece logo depois de um momento importante na carreira de Bruna: o fim, nesta semana, das suas primeiras gravações, como atriz, para a televisão. Apesar de levar para as suas apresentações uma presença cênica forte, ela se surpreendeu com o convite da produção da minissérie global Dois Irmãos, baseada no livro de Milton Hatoum. Foi chamada para interpretar Rânia, irmã dos gêmeos Omar e Yaqub, vividos por Cauã Reymond. Apesar do nervosismo, a cantora aceitou a oportunidade de trabalhar com o diretor Luiz Fernando Carvalho e com um elenco que inclui Antônio Fagundes, Juliana Paes, Eliane Giardini e o pernambucano Irandhir Santos. A minissérie ainda não tem data para estrear.
“O convite foi um presente. Desde a preparação de elenco, durante três meses, no Rio, eu vi que os planos de Deus para mim eram melhores do que eu imaginava. Nunca pensei que viveria algo tão fantástico, tão bonito”, emociona-se a atriz.
As gravações foram concluídas na última terça – foram oito meses vivendo no Rio de Janeiro. “Depois do primeiro susto de gratidão, você lembra que é um trabalho, que vai ter que se virar. Eu queria aprender o tempo inteiro com os outros atores. A abertura deles eu não sei nem comentar. Em nenhum momento fiquei muito nervosa. Ah, e Luiz (Fernando Carvalho) é um gênio!”, comenta a agora atriz.
Segundo Bruna, a preparação de três meses foi fundamental para não ficar nervosa na hora de encenar com estrelas como Cauã Reymond. “A minha personagem tem uma relação forte, meio incestuosa, com os irmãos. Todo o receio de fazer isso foi varrido na preparação. Na primeira cena que gravei, uma cena longa, fiquei nervosa. Ao final, Cauã começou a rir e disse: “Arrasou!’. Todos foram generosos assim”, revela. Até nas cenas mais sensuais ela se sentiu tranquila. “Eu lidei com minhas inseguranças. Rânia é mais forte que eu, tive que tirar da personagem uma força que não tinha. Usei isso mesmo nas cenas mais fortes e quentes”, afirma
Cada vez mais múltipla, Bruna não quer abandonar as atuações. “Eu não consigo mais viver sem isso. Tenho muita vontade de trabalhar no cinema, até porque o estilo de Luiz é muito parecido com esse”, revela Bruna. Para o futuro, ela ainda começa a selecionar o repertório de um novo disco – uma das novidades é a presença maior de composições próprias.