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Alice Caymmi solta os raios hoje no Guararapes

Cantora apresenta o elogiado show do segundo álbum

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 21/08/2015 às 6:26
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Cantora apresenta o elogiado show do segundo álbum - FOTO: Divulgação
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Alice Caymmi confirma a tal pós-modernidade que resiste em se materializar: em estética, não há - não deveria haver - hierarquias. “Se escuto uma canção mais de cinco vezes por dia, desconfio que deve entrar para o repertório”, diz a potente neta de Dorival, que apresenta hoje, no Teatro Guararapes, a pequena revolução musical do show Rainha dos Raios - um repertório turbinado em que tudo parece caber, menos o conceito do que é certo ou errado. Em que purismo é veneno.

Sem parecer comprimida pelo sobrenome presente no lirismo bronzeado do primeiro álbum, em Rainha dos Raios, Alice parece bater uma vitamina sonora com um pouco de Portishead, umas folhas de Björk e muito, mais muito dela mesma, pra dar conta de um cancioneiro reprocessado com o rigor de um curador. Sua voz densa, espessa como os raios do título e a voz densa da tia Nana, é o argumento capaz de costurar elementos de naturezas aparentemente díspares como se tivessem surgido para pertencer à mesma sala. E de fato pertencem.

 

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Ela abre a apresentação com Iansã, uma versão blues treme-terra da canção de Caetano tornada clássica com Bethânia. O compositor baiano ainda se faz presente na virilidade da canção Homem, do álbum roqueiro Cê, e com a pós-tropicalista Jasper. Logo, a cantora está desfilando a voz poderosa em clássicos de andares diferentes como Bang Bang(My Baby Shot Me Down), de Cher, e Meu mundo caiu, de Maysa.

Escafandrista, Alice exuma o funk melody Princesa do gueto e a devolve como se um clássico do nosso lirismo mais elegante de dor cotovelo. Com direção de Paulo Borges (sim, aquele mesmo da SP Fashion Week), Alice vocifera Eu sou rebelde, aquela dos anos 1970, dentro de uma gaiola: é um show em que a música pode ser não apenas ouvida, mas vista em suas materializações visuais. Perca esse show - e também o direito de seguir por aí dizendo que a música popular brasileira é apenas mais do mesmo.

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