ADEUS A NANÁ

Tradições, música e emoção na despedida de Naná Vasconcelos

Na manhã desta quinta (10), a vontade de celebrar e agradecer ao percussionista pernambucano levou uma multidão de amigos e admiradores para o enterro do músico

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 10/03/2016 às 13:26
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Na manhã desta quinta (10), a vontade de celebrar e agradecer ao percussionista pernambucano levou uma multidão de amigos e admiradores para o enterro do músico - FOTO: JC Imagem
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A música de Naná Vasconcelos partir da união de várias tradições e da entrega total ao ritmo. A sua despedida, em missa na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e no sepultamento no Cemitério de Santo Amaro,não podia deixar de ser forte e bela justamente por unir, de uma só vez maracatu, caboclinho e cânticos religiosos, entre outros ritmos. Na manhã desta quinta (10), a vontade de celebrar e agradecer ao percussionista pernambucano arrastou uma multidão de amigos e admiradores para as ruas de Santo Amaro.

Na missa, a Alepe ficou cheia de amigos e familiares. Pai Raminho de Oxóssi começou, com canções e orações, a cerimônia, que logo virou numa catarse musical com o grupo Voz Nagô, um dos que acompanhou Naná nos palcos do Carnaval recifense. Depois, o Padre Rosendo também falou para os presentes.

O cortejo saiu ao som de maracatu por Santo Amaro. Na frente, um cordão dava a dimensão do carinho por Naná: integrantes do grupo Voz nagô iam de braços dados ao padre Rosendo, cantando juntos. Nas janelas e ruas, a população também deixou sua gratidão e seu adeus ao músico.

Quando o cortejo chegou ao cemitério, outras nações aguardavam para homenagear Naná. O caixão, com uma bandeira do Brasil e uma bandeira do seu time do coração, Santa Cruz (até mesmo a icônica torcedora do Sport, dona Maria José, marcou presença), foi levado sempre ao som de música, como o percussionista viveu.

Os parceiros, admiradores e amigos não deixaram de expressar a emoção e a gratidão pela companhia e os muitos ensinamentos do percussionista. Lirinha, um dos mais emocionados, explicou que entender Naná era “fazer uma viagem pelos muitos elementos da música”. “Ele é a maior influência na unidade do regional com o universal. Ele fez uma música livre e libertou os instrumentos feitos por negros e pelos indígenas do fundo do palco: trouxe eles para a luz e o protagonismo”, comentou o músico.

O Maestro Forró lembrou o último show com Naná, na abertura do Carnaval, quando o percussionista tocou com ele Rainha Se Coroou no Marco Zero. “Foi um símbolo de grandiosidade. Se fala muito no lado intuitivo e talentoso de Naná, mas era alguém também que nunca chegava atrasado para nada, que sempre se esforçava para tocar bem. É uma referência para a mistura de tradições e levou isso para o povo: essa despedida mostra que ele atingiu todo mundo”.

Ainda estiveram presentes Otto, Canibal, Maestro Spok, Jomard Muniz de Britto, Maciel Salu, Galo Preto, Clayton Barros, Claudionor Germano, Belo Xis e Bella Maia.

Confira aqui o especial que o NE10 fez em homenagem a Naná Vasconcelos.

Grupo Voz Nagô homenageia Naná Vasconcelos na cerimônia de despedida do percussionista na Alepe #nanavasconcelos

Um vídeo publicado por Jornal do Commercio PE (@jc_pe) em Mar 10, 2016 às 4:38 PST

Entre as autoridades da cultura pernambucana, estavam a secretária municipal de Cultura Leda Alves, a presidente da Fundarpe Márcia Souto, o ex-secretário municipal de Cultura, José Roberto Peixe, e o diretor de políticas culturais da Secretaria Estadual de Cultura, André Brasileiro. “Para Pernambuco é essencial manter o legado de Naná, o seu trabalho, através dessa geração de músicos e admirados que ele gerou”, comentou emocionada Márcia.

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