Diversidade

Karol Conka homenageia Chico Science no Recife

Em entrevista ao JC, a cantora falou sobre a sua carreira

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 20/04/2016 às 6:30
Foto: Max Weber/Divulgação
Em entrevista ao JC, a cantora falou sobre a sua carreira - FOTO: Foto: Max Weber/Divulgação
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Ela bagunça a divisão. Esparrama alegria e uma diversidade de ritmos por onde passa. Para o mundo, ela é rapper. Para os fãs, uma artista que “tomba” com simpatia e uma sonoridade que não se adequa em apenas um gênero musical. Não é a primeira vez que a curitibana Karol Conka vem ao Recife, mas o que pretende fazer nesta quarta-feira (20) na festa de 14 anos da Boate Metrópole é, de fato, algo inédito para a artista: uma homenagem aos 50 anos de nascimento do saudoso Chico Science. Para isso, convidou o percussionista Gilmar Bolla 8, ex-Nação Zumbi, para fazer um som ao seu lado. 

“Chico Science é uma das minhas primeiras influências musicais. Conheci a música dele aos 15 anos, quando meu primo ouvia bastante na casa da minha avó e eu achei a sonoridade muito interessante. Até hoje não apareceu nenhum outro artista igual ao Chico Science, então a nova geração precisa conhecê-lo”, diz Karol em entrevista ao JC. A cantora afirmou não conhecer Gilmar pessoalmente, mas ressaltou respeitar a Nação Zumbi e promete fazer desse momento “uma mistura boa, diferente, alegre e inusitada”, concluiu.

Ao admitir que enxerga no manguebeat uma de suas referências musicais, perguntamos se ela consegue definir o seu som. “Não tem uma definição específica. Gosto de fazer música e acabei criando meu próprio estilo, que mescla diversas influências. Como isso vem acontecendo desde a infância acaba sendo difícil limitar a um único estilo”, observa a rapper.

Conka transpira atitude. Isso vai desde suas canções, passando pelos figurinos, performance e, principalmente, nos seus ideais. Sem medo de assumir seu lado feminista, a cantora confirma que busca empoderar as mulheres, que em pleno século 21 ainda são vistas à margem da sociedade: “A sociedade vem absorvendo o poder das mulheres com mais naturalidade, sim, mas ainda falta muito. As redes sociais contribuem bastante para que as informações cheguem rapidamente e com longo alcance. E existe um apoio entre as mulheres que cada vez vem crescendo mais: sabemos que não estamos sozinhas”, exalta a artista.

Recentemente, Karol foi fotografada para a sessão Mulheres Que Amamos, da nova revista Playboy. Questionada se fere seu feminismo ao estampar uma publicação masculina, ela justifica: “Não vejo por esse ângulo, a intenção de aceitar o convite foi de mostrar o poder de uma mulher negra, do rap, que foge dos padrões de beleza que vemos por aí”, argumentou.

Pedimos para Karol explicar o que sente ao vir se apresentar no Recife mais uma vez, mas a cantora não conseguiu: “Posso não, isso vem de alma. Juro, é algo que realmente não tem explicação. Sabe afinidade que você simplesmente tem? É isso!”, resumiu. A diversidade de ritmos em seu show pode ser encontrada também em seu público: “Eu enxergo cada pessoa como um ser único. E acho que é por isso que elas se sentem atraídas pela minha energia, porque sei que cada um é diferente, cada um tem suas particularidades, mas ao mesmo tempo sentimos as mesmas coisas e eu respeito muito tudo isso. Então acho que elas se sentem à vontade com esse universo”, filosofa a artista.

Se as regras de Karol Conka vão te causar algum efeito, só indo ao show para encontrar alguma resposta. Pois ao indagarmos se ela prefere “tombar” ou “estar na lista VIP”, como diz algumas de suas canções, ela responde bem: “Tombar estando na lista VIP”, disse ela, aos risos.

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