Coletânea

Marisa Monte reúne em disco gravações feitas para outros projetos

No álbum Coleção ela resgata raridades feitas entre 1993 e 2014

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 13/05/2016 às 8:44
foto: divulgação
No álbum Coleção ela resgata raridades feitas entre 1993 e 2014 - FOTO: foto: divulgação
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Na primeira coletânea de sua discografia, lançada semana passada, Marisa Monte mais uma vez trafega na contramão do lugar comum. Coleção é uma compilação de canções em sua maioria pouco conhecidas. Seria muito óbvio reunir os hits e vendê­los numa embalagem bonita. Porém, ela optou por um apanhado de gravações avulsas realizadas entre 1993 e 2014, dispersas em projetos especiais, discos de terceiros, ou num EP que lançou apenas no iTunes. E a embalagem continua bonita, um retrato assinado pelo pintor italiano Francesco Clemente.

Com este disco, a cantora fecha seu contrato com a EMI/Universal Music, um trabalho que a empresa pedia há anos e sua contratada desconversava. Com o surgimento da internet e a facilidade de download de músicas, ela achou que não tinha mais sentido uma coleção de sucessos, pois os fãs certamente já fizeram as suas próprias coleções. Decidiu­se, então, por este conceito, selecionando 40 canções, ouvindo e reouvindo. As que escolheu para Coleção são uma retrospectiva diferente, uma vez que são canções que ela fez com terceiros que, por sua vez, influenciaram de alguma forma no seu trabalho.

Nu Com Minha Música, de Caetano Veloso, foi pinçada de disco do projeto Red Hot + Rio 2 e cantada com Rodrigo Amarante e Devendra Banhart. Do mesmo projeto, mas do disco, anterior, é Waters of March (Tom Jobim) com David Byrne e Arto Lindsay. Coleção ressalta a habilidade de Marisa Monte em não apenas colocar voz numa música, mas em imprimir nela um obrigatório toque de classe pessoal. Por esses parâmetros, ela mostra que ainda se pode extrair novidades da exaurida Carinhoso (Pixinguinha/Braguinha), que canta com um fraseado meio Orlando Silva, em dueto com Paulinho da Viola (extraída de um documentário sobre o sambista).

Alguns fonogramas recebem o carimbo do resgate, como é o caso de Esqueça (versão de Forget Him, de Tony Hatch, lançada por Bobby Rydell em 1963. Hit de Roberto Carlos na era da Jovem Guarda). Ela dá um upgrade numa canção de pouco fôlego, gravada para a trilha de A Taça do Mundo É Nossa, da turma do Casseta & Planeta. Coleção tem gosto de disco de inéditas. A belíssima Chuva no Mar (parceria com Arnaldo Antunes) é cantada em dueto com a portuguesa Carminho (é faixa do álbum Canto).

A faixa mais conhecida é Alta Noite, parceria com Arnaldo Antunes, já gravada por Marisa Monte no álbum Verde Anil Amarelo Cor­de-­Rosa e Carvão, e em Nome de Arnaldo, de 1993, a mais antiga da coletânea, aqui com nova mixagem. Cama Cama (com Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes) veio da trilha de Era Uma Vez..., de Breno Silveira No roteiro, um dueto com Cesária Évora, em É Doce Morrer no Mar (Dorival Caymmi/Jorge Amado), e Ilusão, versão de Ilusion, da mexicana Julieta Venegas, com quem também faz um dueto. Todas as faixas são biscoitos finos. De todas as grandes cantoras brasileiras Marisa Monte é a única que nunca gravou uma canção apenas por gravar.

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