POLÊMICA

Lenine prefere não falar sobre entrevista que virou polêmica

Macalé, Caetano Veloso e Alceu Valença já passaram por episódios parecidos

JOSÉ TELES
Cadastrado por
JOSÉ TELES
Publicado em 20/01/2017 às 9:55
foto: divulgação
Macalé, Caetano Veloso e Alceu Valença já passaram por episódios parecidos - FOTO: foto: divulgação
Leitura:

Em 19 de maio do ano passado, o cantor Lenine postou, em seu perfil oficial no Facebook, um comentário sobre o governo Dilma, um texto em forma de manifesto, no qual afirmava, entre outras coisas, "Eu deveria nunca parar de gritar contra a impunidade e a corrupção. Faço o que posso - e o que sinto que devo! Tenho vergonha de viver no Brasil de hoje. Participei da fundação do PT no ABC paulista. Fui à rua, com minha família, celebrar a vitória de Lula. Vislumbrei um futuro melhor… e o imaginei possível".

Mais adiante: "A mecânica do exercício da política nunca mudou. O mesmo rito, o mesmo jogo. Congresso e Senado, em sua quase totalidade, são compostos por gente despreparada, desqualificada e dissimulada. Não reconheço como legítimo esse governo não eleito que aí está. Não votei em Dilma. Fui Marina no 1º turno, anulei no segundo. Tristeza e incredulidade", e arrematava clamando por "eleições gerais". 

Centenas de pessoas comentaram a postagem, que não viralizou, nem suscitou polêmica. A entrevista que concedeu, ao vivo, no programa Morning Show, da Jovem Pan, em São Paulo, sexta, dia 6 de janeiro, continua rendendo polêmica, e comentários na página de Lenine, muitos deles bastante agressivos. A assessoria do cantor no Rio diz que o cantor prefere não se pronunciar sobre a entrevista, em que ele diz que não acredita mais em esquerda nem em direita, acredita no homem, e que se considerou traído pela esquerda, as duas afirmações mais citadas pelos Internautas.

A entrevista, coincidentemente abre com um comentário de Lenine sobre a Internet e internautas, em que o cantor aponta que o universo do digital incitou as pessoas a criarem um avatar: "Este universo do digital, propiciou as pessoas a exercitarem o avatar, que é alguma coisa que não é ele, e este avatar é burro, é belicoso, é ogro, grosso, tem tudo de ruim. É um exercício, porque por estar ali isolado entre as quatro paredes de sua casa, você pode passar por isto com impunidade, porque este surgimento de alter egos das pessoas são absurdos é uma coisa muito estranha".

Na mesma entrevista, Lenine comentou vários assuntos além de política. Analisou o domínio da música sertaneja, do mercado, trilhas sonoras, os filhos, projetos musicais. A abordar o tema política, ele fez blague, dizendo que se fosse escolher, não se chamaria Lenine, mas Bakunin, o anarquista russo.

ENTREVISTA

Abaixo, na íntegra, o que Lenine comentou sobre a conjuntura política nacional no Morning News, da Jovem Pan:

"Não acredito mais em esquerda e direita, acredito no homem, e toda vez quando tem uma sigla por trás eu desconfio deste homem. Pra mim não existe esquerda e direita. Dito isso, tenho que dizer com a direita não me senti traído, eu sei qual era a regra do jogo. Na hora em que a esquerda sobe ao poder sob a égide do vamos mudar e faz a mesma coisa, entra esta nesta equação um sentimento de traição imperdoável. Pra mim é imperdoável, a possibilidade histórica que se teve pra realmente pender a balança para um lado mais humanista, como nós somos, isto acabou Edgar.

 A coisa está tão entranhada, que está nos três poderes. É mais de 90% dos três poderes, Então é assim, não tem outro jeito. Tem que ter uma fratura exposta mesmo. A gente passou por um terremoto mas tá um tsunami, e este tsunami não vai acabar nem tão cedo. Não reconheço este governo que está ai, mas também não reconheço o que estava. A coisa é muito mais generalizada, tive oportunidade de ir tanto no senado, quanto no congresso, é deprimente o nível daquilo ali, você reconhece as pessoas historicamente, sempre com interrogação gigantesca de idoneidade, em mais de 90 de todos, eu tive ali, vi o ego. Por isso que Paulo Leminski sempre dizendo o poder era ao sexo dos velhos, tá tudo ali, exposto de maneira generalizada".

 

Últimas notícias