REVELAÇÕES

'Nos acomodamos em um lugar ruim, perverso', afirma Maria Bethânia

Cantora fala, em entrevista exclusiva, sobre os rumos do Brasil e o seu encanto pelo Recife

Adriana Victor
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Adriana Victor
Publicado em 16/03/2017 às 22:00
André Nery/JC Imagem
Cantora fala, em entrevista exclusiva, sobre os rumos do Brasil e o seu encanto pelo Recife - FOTO: André Nery/JC Imagem
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“O Brasil está um desastre, uma coisa muito estranha. E isso está escrito, está na cara da gente, na voz, na pele, no andar, na vida de cada um de nós. Mas chega aquele momento e eu sinto no Recife um baile perfumado geral. Que é necessário. E que compartilha, não fica fechado.” É deste fio condutor que Maria Bethânia se vale para tecer elos entre o Brasil atual e o Carnaval recifense. As afirmações fazem parte da conversa exclusiva com a cantora, gravada no Rio de Janeiro, no Estúdio Vison, em São Conrado. 

Para conceder a entrevista, Bethânia não fez imposições, não questionou sobre de que trataríamos. Mostrou-se disposta a conversar e, quando se achava que já era a hora de parar com as perguntas, ela afirmou: "Pode continuar, não estou cansada".

Entre uma fala e outra, a atriz Cláudia Abreu, estrela da Rede Globo que atualmente interpreta Helô, na novela A Lei do Amor, passou por nós. Levou a mão à boca, como quem vê alguém que muito se admira. E balbuciou, quase sem emitir sons para não atrapalhar a conversa: "Amo! Amo!".

O RECIFE

“O Recife tem um modo de me abraçar, de compreender a minha expressão com particularidade”, declarou sobre a cidade. Mas afirmou que gostaria muito de ter vindo celebrar o músico Naná Vasconcelos, que morreu em 2016 e era seu grande amigo, na abertura do Carnaval deste ano - "O Carnaval mais bonito do Brasil". 

Aos risos, contou sobre uma briga que teve com Capiba, o autor da música que lhe deu o nome, uma escolha do irmão Caetano Veloso. Falou da paixão e do pavor que lhe invadem sempre que sobe ao palco: "Um pavor que não passa depois que eu subo no palco. Ele fica ali, alimentando a cena, enlouquecendo a gente. Sem ele acho que é prepotência subir ao palco”.

O BRASIL

Sobre as trilhas do Brasil atual, declarou: “Acho que a gente não tem andado, nos acomodamos lugar ruim, perverso. O Brasil não merece isso. Nem nós brasileiros merecemos. Somos ricos, poetas, capazes. Somos generosos. Nos nós damos para o País”. E conclui: "Um bando de moleques. Xô!"

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