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Os Stones nas Gravações Completas na BBC nos Anos 60

A música da Época em que o Grupo Estava em em Formação

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 04/07/2017 às 8:09
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A música da Época em que o Grupo Estava em em Formação - FOTO: foto: divulgação
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"Os Rolling Stones fazem tudo o que os Beatles fazem, só que depois". A frase é de John Lennon, alfinetando os "rivais". Já com 47 anos sem a sombra dos Beatles, os Stones continuam fazendo o mesmo, só que, ainda, depois. Ao contrário dos Beatles, cujas BBC Sessions rodaram mundo em bootlegs na era do vinil e, em 1994, acabaram incorporadas à discografia oficial da banda, as sessões que os Stones fizeram para a emissora estatal inglesa, entre 1963 e 1965, ganham um box, The Complete British Radio Broadcasts 1963 - 1965,  com selo da London Calling, que trabalha com bootlegs, mas ainda não é um lançamento oficial.

 Bootleg é expressão que designa discos ou vídeos de material não oficialmente lançado por um artista, com sobras de estúdio, gravações ao vivo, às vezes domésticas, muitas de má qualidade. Mesmo quando tem boa procedência, como os citados programas transmitidos pela BBC, com bandas da chamada british invasion, nos anos 1960, o som que se escuta é o das fitas, sem tratamento e limpeza de ruídos, ou remasterização. Estes programas dos Stones na BBC foram quase todos lançados em bootlegs e, pela primeira vez, aparecem digitalmente remasterizado, CDs e LPs, com ótima qualidade sonora.

 ASCENSÃO

 "Tendo em vista o aumento do interesse pelos grupo de rhythm & blues na Inglaterra, um futuro excepcionalmente promissor tem sido previsto para a gente por muita gente", diz Brian Jones em trecho de uma carta enviada, em janeiro de 1963, à BBC pedindo uma participação nos programas da emissora que, também passou a dar atenção aos grupos ingleses desde que os Beatles tornaram-se um fenômeno pop cuja música já extrapolara as fronteiras britânicas. A BBC, porém, não se interessou pelo ainda desconhecidos Rolling Stones. Os Stones lançaram o primeiro single em junho de 1963, com Come On (Chuck Berry) e I Want to Be Loved (Willie Dixon), pela Decca, que não esforçou para divulgá-lo.

 Loog Oldham botou as fãs em ação e comprou cópias do disco em quantidade suficiente para que entrasse nas paradas inglesas. Em 26 de outubro de 1963, os Stones estreariam na BBC, no programa Saturday Club. Tocaram a citada Come On, mais Roll Over Beethoven e Memphis Tennessee (todas de Chuck Berry).

 Voltaram ao mesmo programa em 8 de fevereiro de 1964, com um hit nacional, I Wanna Be Your Man, composta por Lennon e McCartney especialmente para os Stones, que teve direito a um programa quase inteiro. Tocaram seis músicas, algumas que nunca saíram em discos oficiais, feito Beautiful Delilah, canção obscura de Chuck Berry.

 É estranho o desinteresse das gravadoras por estas gravações. Nelas se acompanha a ascensão dos Rolling Stones, de um grupo de fama circunscrita ao circuito de r&b de Londres ao estrelato mundial com (I Can?t Get No) Satisfaction. Entre o primeiro 45 rpm ao primeiro álbum, a banda estava com o pique de quem corre atrás do sucesso, em meio a dezenas de grupos com a mesma intenção. A partir da explosão do mersey beat, o som de Liverpool, em 1962, cenas se formaram nas principais cidades do país.

 São três discos, 59 faixas - duas de entrevistas. Entre elas canções que os Rolling Stones não lançariam oficialmente, como Hi-Heel Sneakers (de Tommy Tucker) ou Cop and Robbers (Bob Diddley). A banda já esbanja muita personalidade desde o início, para se distinguir tocando um repertório que era comum a quase todos os grupos Inglaterra na época. O terceiro CD traz as primeiras investidas autorais de Jagger & Richards.

MICK QUASE FORA

Ao vivo, em 1964, o grupo é até melhor do que nos discos, de produção canhestra de Loog-Oldham, um cara com vinte anos, um ano a menos do que a legislação exigia para ser agente de shows ou empresário de artistas. Por isto, quando descobriu os Stones, ele convidou Brian Epstein para dividir com ele o trabalho com o grupo. Ocupado com os Beatles, Gerry and Pacemakers, Cila Black e mais alguns grupos de Liverpool, Epstein não topou, e deixou de ter as mãos os dois mais badalados grupos de rock do mundo. Oldham dividiu por algum tempo os Rolling Stones com Eric Easton, um empresário veterano.

 A dupla conseguiu um contrato para os Stones com a Decca. Por esta época cogitou-se em sacar Mick Jagger da banda, e exatamente por causa de um teste que fizeram para participar do Saturday Club. Os produtores do programa não aprovaram a voz de Jagger. Brian Jones, então líder do grupo, deu carta branca. Se fosse preciso, Mick Jagger mandariam o vocalista embora. Para sorte do grupo, e do rock and roll, Mick Jagger provou que tinha voz para cantar na BBC, e em qualquer lugar do mundo, como faz até hoje.

 

 

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